postado em 26/05/2010 08:22
A quatro dias da eleição presidencial, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) intensificaram os ataques no departamento de Caquetá, no sul do país. Na segunda-feira, nove fuzileiros navais foram mortos quando tentavam sitiar um acampamento de onde os rebeldes lançariam operações militares no dia da votação.A ofensiva guerrilheira, que atinge também o sudeste e o sudoeste, coincide com a renúncia do comandante das Forças Mi-litares, general Freddy Padilla.Em carta ao presidente Álvaro Uribe, Padilla justificou a decisão em nome de ;deixar à vontade; o próximo governo, mas nas últimas semanas oficiais da reserva comentaram que a tropa estaria com o moral baixo.
Analistas dizem que em época de eleições a guerrilha procura mostrar força. O último ataque ocorreu entre as localidades de Solano e Cartagena del Chairá, na região onde se desenrolaram as frustradas negociações de paz entre as Farc e o governo de André Pastrana, de 1999 a 2002.
Para a Missão de Observação Eleitoral, integrada por várias organizações civis, ainda há risco de episódios de violência durante a jornada eleitoral. ;Lamentavelmente, nos últimos 15 dias as Farc deram demonstração de sua violência com atos em seis departamentos do país;, afirmou Alejandra Barrio, representante do órgão de vigilância. Os eleitores de Caquetá cobram mais transparência do governo. No portal Caqueta.com, a internauta Martha denuncia ;a falta de garantias em Florencia (capital) e em todo o departamento;.
O Departamento Administrativo de Segurança (DAS), serviço de inteligência da Colômbia, anunciou que pelo menos 66 municípios estão em alerta diante da ameaça de ataques guerrilheiros. Para aumentar a segurança durante a votação de domingo, Uribe anunciou a mobilização de 350 mil soldados e policiais. A proteção dos candidatos presidenciais também foi reforçada, principalmente a de Gustavo Petro, do partido esquerdista Polo Democrático Alternativo, que disse ter recebido ameaças de morte por parte das Farc.
Para o analista político León Valencia, a ofensiva das Farc produz ;o paradoxo; de criar ;um clima favorável; à coalizão de governo. ;Uribe obteve suas duas vitórias eleitorais pelo medo à guerrilha, e os candidatos independentes rezam todos os dias para que os insurgentes não queiram ou não possam lançar ações militares de grande alcance;, disse Valencia ao jornal La Nación.
O medo de represálias e o difícil acesso às seções eleitorais também influem no alto índice de abstenção nas áreas rurais. Em 2008, Caquetá registrou comparecimento de apenas 32,38% nas eleições para a Câmara dos Deputados, consideradas de ;alto índice; de participação.
O número
66
Total de municípios colombianos colocados em alerta por causa de ameaças da guerrilha à eleição presidencial