Agência France-Presse
postado em 26/05/2010 11:02
O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad afirmou nesta quarta-feira (26/5) que os Estados Unidos e a Rússia devem apoiar o acordo sobre a troca de combustível nuclear acertado com Brasil e Turquia, classificando-o de última oportunidade para resolver seu conflito com as grandes potências."A declaração de Teerã (sobre um acordo de troca de combustível) constitui a melhor oportunidade; demos um grande passo à frente e dissemos algo muito importante. Já não existem mais desculpas", afirmou Ahmadinejad em uma declaração por televisão, dirigindo-se aos líderes americano e russo.
O presidente Barack Obama deve saber "que, se não aproveitar esta oportunidade, os iranianos certamente não lhe dará outra", afirmou.
Ahmadinejad também denunciou a postura do presidente russo, Dimitri Medvedev, cujo país é aliado tradicional do Irã, a quem acusou de "sentar-se ao lado daqueles que foram nossos inimigos durante 30 anos".
"Esperamos que os dirigentes russos ficarão atentos, que reagirão e que não forçarão os iranianos a considerá-los da mesma maneira que seus inimigos históricos", afirmou.
[SAIBAMAIS]A Rússia não demorou a denunciar o que chamou de "demagogia política" das críticas do presidente iraniano.
"Ninguém consegue conservar sua autoridade ao utilizar a demagogia política", declarou Serguei Prikhodko, conselheiro diplomático do Kremlin.
citado pelas agências russas, ao ser indagado sobre as declarações de Ahmadinejad.
A Rússia, que geralmente apoia o Irã, demonstrou recentemente sua irritação ante Teerã por seu controvertido programa nuclear.
"Existem pessoas no mundo e na América que insistem em enfrentar Obama com os iranianos, em empurrá-lo a um ponto sem volta para forçá-lo a fazer algo que bloqueará para sempre a vida da amizade com os iranianos", acrescentou o presidente ultraconservador iraniano.
O Irã notificou na segunda-feira a Agência Internacional de Energia Atômica, em Viena, do acordo a três estabelecido entre Irã, Brasil e Turquia, sobre a troca de urânio. Com a carta, Teerã pretende tranquilizar a comunidade internacional sobre seu programa atômico.
O documento, assinado pelo chefe da Organização de Energia Atômica iraniano, Ali Akbar Salehi foi entregue durante uma reunião na residência na Áustria do diretor geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano.
As potências ocidentais receberam o acordo com desconfiança e ameaçaram com novas sanções contra o Irã por seu controvertido programa nuclear.
O pacto entre Irã, Turquia e Brasil, de 17 de maio passado, foi assinado em Teerã durante visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do chefe do governo turco, Recep Tayyip Erdogan.
Ele prevê o intercâmbio na Turquia de 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5% contra 120 quilos de combustível enriquecido a 20% repassado pelas grandes potências e destinado ao reator nuclear de pesquisa médica de Teerã.