Agência France-Presse
postado em 27/05/2010 14:29
A nova estratégia de segurança divulgada nesta quinta-feira (27/5) pela administração Obama aponta a Al-Qaeda como principal inimigo, mas abandona a expressão "guerra ao terror", insistindo que o uso da força por si só não pode garantir a segurança dos Estados Unidos.A Casa Branca deverá publicar nesta quinta-feira sua "Estratégia de Segurança Nacional", um documento sobre como os Estados Unidos avaliam e enfrentam as ameaças contra o país. O texto - ao qual a AFP teve acesso - foi, nos últimos 16 meses, alvo de intensas consultas na administração Obama.
"Sempre tentaremos deslegitimar o uso do terrorismo e isolar aqueles que o praticam", afirma o documento de 52 páginas que abandona oficialmente a retórica elaborada pela administração George W. Bush depois do 11 de setembro, particularmente a noção de "guerra contra o terror".
"Não é uma guerra mundial contra uma tática - o terrorismo - ou uma religião - o islamismo", afirma o texto. "Nós estamos em guerra contra uma rede específica, a Al-Qaeda, e os terroristas que apoiam seus esforços de atacar os Estados Unidos e nossos aliados."
O texto destaca a ameaças que representam os indivíduos radicais que não têm o perfil tradicional dos terroristas, como o jovem nigeriano que tentou explodir um avião em território americano no Natal, ou o pai de família americano de origem paquistanesa suspeito de ter planejado um atentado com carro-bomba em Nova York no último 1; de maio.
"Nossa melhor defesa contra essa ameaça reside em famílias, comunidades locais e instituições bem equipadas e informadas", informou o documento, completando que "o governo vai investir em espionagem".
Outros eixos da nova doutrina são a luta contra as crises econômicas e o aquecimento global, cujas consequências colocam em perigo a segurança dos Estados Unidos.
O documento tende a redefinir o que será a política externa americana depois de duas sangrentas guerras no Iraque e no Afeganistão e uma crise econômica mundial, enquanto planeja avaliar precisamente os interesses americanos no exterior, assim como o uso da força, designando diversas ameaças, desde a ciberguerra até as epidemias, passando pelas desigualdades.
Para alcançar esses objetivos, a nova estratégia propõe apoiar-se na força militar, mas também na diplomacia, nos contatos econômicos, na ajuda ao desenvolvimento e na educação, ao mesmo tempo que defende um enfoque "sem ilusão" nas relações com os inimigos dos Estados Unidos, como Irã e Coreia do Norte.
O documento mantém a possibilidade para Washington de empreender ações militares unilaterais, mas sob condições mais estritas que durante a era Bush.