Agência France-Presse
postado em 27/05/2010 15:57
A ONU denunciou nesta quinta-feira (27/5) a quase total impunidade (98,5%) de que gozam as forças armadas colombianas, com alguns de seus membros acusados de terem praticado execuções extrajudiciais para fazer inflar as estatísticas da luta contra a guerrilha."A atual taxa de impunidade é muito alta" comentou o perito Philip Alston, Relator Especial das Nações Unidas para as execuções arbitrárias, e que visitou a Colômbia em junho de 2009.
"Minhas investigações concluíram que membros das forças de segurança da Colômbia praticaram um número significativo de execuções, um comportamento que se foi repetindo ao longo do país", acrescentou em comunicado divulgado pela ONU.
"Embora os assassinatos não tenham sido cometidos como parte de uma política oficial, encontrei muitas unidades militares comprometidas com os chamados ;falsos positivos;, nos quais as vítimas eram assassinadas por militares, frequentemente por ganância dos soldados", acrescentou.
Alston disse que "em geral, as vítimas eram atraídas por falsas promessas por um ;recrutador; até uma zona remota onde eram mortas, com os soldados manipulando e encobrindo, depois, a cena do crime".
"Os soldados sabiam que poderiam ficar impunes", pontualizou.
Os assassinatos cometidos pelas forças armadas em 2008 foram oficialmente reconhecidos, uma vez que em dezembro desse ano, o então vice-presidente Francisco Santos pediu "perdão" às vítimas ante o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
O relator também observou "um alarmante nível de impunidade entre os ex-paramilitares", destacando "o dramático aumento dos assassinatos por parte de grupos armados ilegais".
Acrescentou que "o governo deveria pensar em estabelecer uma comissão da verdade independente que leve a uma investigação sistemática das violações cometidas por todas as partes envolvidas no conflito armado colombiano".
Alston ressaltou que "tanto as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como o Exército de Libertação Nacional (ELN) cometeram assassinatos, atacando ou vitimizando a população".
O professor Alston foi nomeado relator do caso em 2004 e presta informações sobre o assunto ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e à Assembleia Geral.