Agência France-Presse
postado em 27/05/2010 16:54
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, investiram nesta quinta-feira (27/5) contra os críticos ao acordo assinado com o Irã sobre o enriquecimento de urânio, aos quais o líder turco chamou de "invejosos"."O Brasil e a Turquia se empenharam e conseguiram um êxito diplomático que alguns países tentaram em vão durante muitos anos", destacou Erdogan em entrevista à imprensa, depois de reunir-se com Lula em Brasília.
Lula destacou que só os países que já possuem a bomba atômica se opõem ao entendimento tripartite com o Irã, pedindo que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha "sensibilidade para entender o momento político" na hora de analisar esse acordo.
Lula recordou a fábula de La Fontaine sobre a raposa que desdenha as uvas que não pode alcançar. "Acontece o mesmo com este acordo", afirmou, sem esconder a irritação com os que se opõem a ele.
"É necessário que todos digam se querem construir uma possibilidade de paz ou de conflito. Turquia e Brasil foram a favor da paz. Até agora, o Irã já cumpriu o que acertou com a Turquia e o Brasil", afirmou.
Já o premier turco recordou que tanto o Brasil quanto a Turquia "fazem parte do Conselho de Segurança, como membros não permanentes, e assumiram uma responsabilidade que surge dessa posição. Assim, chegamos a esta vitória diplomática", disse.
Erdogan e Lula mantiveram nesta quinta-feira uma reunião de pouco mais de uma hora em Brasília, anterior à participação de ambos no III Fórum das Civilizações no Rio de de Janeiro.
Durante esse Fórum, nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse em entrevista à imprensa, que o centro da crise com Teerã está "numa séria falta de confiança".
Isto porque, depois de assinar o acordo com Turquia e Brasil para enriquecer urânio a 20% fora de suas fronteiras, a república islâmica anunciou que não abandonaria seus planos de fazê-lo também em seu território. "Seria de grande ajuda se o Irã deixasse de enriquecer urânio a 20%", afirmou Ban.