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Descarrilamento de trem sabotado na Índia deixa 80 mortos

Agência France-Presse
postado em 28/05/2010 12:36
Pelo menos 80 pessoas morreram no descarrilamento de um trem de grande velocidade que fazia o trajeto entre Calcutá e Mumbai nesta sexta-feira (28/5), a leste da Índia, em uma ação de sabotagem atribuída aos rebeldes maoístas pelas autoridades.

Na ação, 120 pessoas ficaram feridas.

Num primeiro momento, um grupo apoiado pelos rebeldes, o "comitê popular contra as atrocidades policiais", reivindicou o atentado em uma ligação telefônica à agência de notícias Press Trust of India (PTI).

Mas, horas depois, um porta-voz de um grupo acusado desmentiu qualquer responsabilidade no descarrilamento.

"Não o estamos implicados para nada. Não se trata de uma ação nossa", declarou o porta-voz do grupo, Asit Mahato, citado pela PTI.

O acidente aconteceu aproximadamente a 01H30 (08H00 GMT, 05H00 de Brasília) no distrito de Midnapore Ocidental, um reduto maoísta que se encontra 135 km a oeste de Calcutá, a capital de Bengala Ocidental.

O trem, cheio de passageiros adormecidos, descarrilou e bateu contra um trem de carga.

"É um claro ato de sabotagem. Os maoístas fizeram isso", declarou pouco depois da catástrofe o chefe da polícia do Estado de Bengala Ocidental, Bhupinder Singh.

"Encontramos panfletos maoístas no local", declarou ainda.

Um primeiro balanço médico falava de 30 mortos e as primeiras informações se referiam à hipótese de uma explosão provocada pelo descarrilamento, mas fontes policiais indicaram ter descoberto que placas metálicas usadas para unir seções da via férrea haviam sido retiradas do lugar.

Equipes de médicos e socorristas tentavam atender os feridos no local da catástrofe enquanto que as vítimas em estado mais grave eram transportadas por helicópteros da polícia.

Um sobrevivente, Ranjit Ganguly, explicou que foi jogado para fora do vagão, mas que seu filho e sua filha ainda estavam entre as ferragens.

Se a responsabilidade dos terroristas for confirmada, o governo deverá ficar submetido a novas pressões da opinião pública para revisar sua estratégia de luta contra a insurgência e que até agora não deu resultados.

O Estado se negou a recorrer ao exército para combater os rebeldes, deixando a tarefa nas mãos da polícia e das forças armadas.

Os rebeldes maoístas, ativos desde 1967, estão presentes no norte e leste do país.

Estes guerrilheiros, que seriam entre 10.000 e 20.000, dizem lutar em defesa dos agricultores sem terra e as minorias locais.

Para tentar desalojá-los de seus redutos, há alguns meses o governo lançou uma vasta operação em seis Estados com a participação de 56.000 membros das forças paramilitares apoiadas pela polícia local, chamada "Caça verde", em referência à floresta em que se escondem.

Segundo o primeiro-ministro Manmohan Singh, a rebelião maoísta constitui a principal ameaça para a segurança interna do país. Esta controla importantes territórios, principalmente nas regiões rurais que não se beneficiaram do recente desenvolvimento econômico da Índia.

Mais de 600 pessoas morreram no ano passado em ataques atribuídos aos maoístas. Em 2009, o governo designou o movimento como fora da lei, classificando-o oficialmente de "terrorista".

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