Agência France-Presse
postado em 28/05/2010 20:54
A casa dos dois filhos adotivos de Ernestina de Noble, dona do poderoso grupo de multimídia Clarín, foi vasculhada nesta sexta-feira (28/5) para o recolhimento de amostras de DNA que determinem se são filhos de desaparecidos na ditadura argentina (1976-83), informou uma fonte judicial.A operação, na qual foram coletados objetos que poderão servir para revelar o padrão genético de Marcela e Felipe Noble Herrera, foi realizada por ordem judicial, após a negativa dos jovens de realizar um exame de sangue.
A justiça busca comparar o DNA de ambos com as amostras armazenadas no Banco Nacional de Dados Genéticos que correspondem aos de familiares de desaparecidos.
Na batida foram recolhidos diferentes objetos que poderão servir para extrair o material genético, informou a fonte, que pediu para não ser identificada.
As Avós da Praça de Maio consideram que os dois jovens, adotados em 1976, são filhos de desaparecidos nascidos no cativeiro de suas mães no regime militar.
As Avós da Praça de Maio já restituíram a identidade de uma centena de filhos de presos políticos adotados durante o regime militar, em um total de 500 casos estimados.
O Congresso argentino aprovou em novembro passado uma lei que permite que, ante uma suspeita de que alguém possa ser filho de desaparecido, a justiça pode exigir a obtenção de amostras de DNA para comprovar, seja voluntária ou compulsóriamente, ainda que "do modo menos lesivo e sem afetar o pudor".
Durante o regime militar, desapareceram cerca de 30 mil pessoas, segundo organismos de direitos humanos.