Jornal Correio Braziliense

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Polícia liberta refém brasileiro

Empresário viajou para negociar madeira, mas caiu nas mãos de sequestradores nigerianos

Em vez de fechar um grande negócio de venda de madeira, o brasileiro Osmar Pereira, de 58 anos, atravessou o Atlântico para ser sequestrado por uma quadrilha de cinco nigerianos, na África do Sul. Ficou em cativeiro por dois dias, até que uma operação conjunta da Polícia Federal brasileira com a polícia sul-africana conseguiu libertá-lo, ontem, a duas semanas da abertura da Copa do Mundo. O funcionário da empresa Terra Industrial, especializada em madeira, tinha viajado para Johannesburgo para encontrar-se com os supostos intermediários de uma empresa nigeriana de exportação e fechar contrato de US$ 4 milhões para a venda de portas com destino ao Iraque.

De acordo com a PF, que manteve contato com os agentes em missão na África do Sul ; para acompanhar a Seleção Brasileira ;, Pereira desembarcou no aeroporto de Johanesburgo e chegou a telefonar para a família para dizer que tinha chegado bem. Depois, os falsos empresários ; que se revelaram sequestradores ; fizeram Pereira telefonar novamente para explicar aos familiares que tinha sido sequestrado. Os bandidos queriam US$ 280 mil (R$ 507 mil) como resgate.

Pereira foi mantido em cativeiro no bairro de Kensington, na mesma casa onde a quadrilha reteve um empresário sul-coreano libertado em 19 de maio, depois que a empresa pagou US$ 70 mil (R$ 134 mil). A polícia especial sul-africana, chamada de Hawks (;falcões;), buscou a mesma casa, prendeu cinco nigerianos e encontrou o brasileiro. ;Ele foi torturado, bateram muito nele, queimaram na barriga com ferro de passar roupa, mas ele está fora de perigo e já no quarto de hotel;, informou o embaixador brasileiro na África do Sul, José Vicente Pimentel, falando de Pretória, a 58km de Johanesburgo.

Um funcionário da embaixada foi destacado para dar assistência a Pereira. Embora já tenha recebido alta médica, ele deve ajudar nas investigações. A polícia sul-africana receia que a quadrilha tenha mais integrantes. ;Esse é um golpe comum e antigo, mas que continua em evidência pelo montante dos contratos que são oferecidos, o que desperta o interesse da vítima, que acaba abrindo mão de alguns princípios de segurança. É preciso muito cuidado com essas ofertas, principalmente se feitas pela internet;, aconselhou o embaixador brasileiro.

O porta-voz dos Hawks, Musa Zondi, disse que a quadrilha nigeriana já vinha sendo investigada pela polícia sul-africana, e que os sequestradores continuarão presos. Na segunda-feira, eles terão de comparecer perante um juiz em Johanesburgo.