postado em 30/05/2010 09:40
Há dois meses, quando ganhou uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood, o ator e diretor Dennis Hopper tinha ataduras na cabeça e na mão direita. Estava frágil, mas sorridente na cerimônia que celebrava seus mais de 50 anos de carreira. O câncer de próstata, diagnosticado em setembro de 2009, em estágio avançado, o havia deixado %u201Csem musculatura%u201D %u2014 por isso os machucados, que o ator atribuiu a uma queda na rua. Já não havia muito o que fazer contra a doença. Ele sabia, mas continuava trabalhando. Morreu ontem, por volta do meio-dia, em sua casa em Venice, na Califórnia (EUA), cercado por amigos e familiares. Tinha 74 anos.
Dennis Hopper apareceu no cinema em 1955, atuando ao lado do amigo James Dean, em Juventude transviada. Ao todo, participou de mais de 150 filmes. Entre eles, Apocalipse now, de Francis Ford Coppola, em que interpretava um fotojornalista, e Veludo azul (1986), dirigido por David Lynch, em que fez o papel do vilão Frank Booth. O mais marcante, no entanto, é Sem destino (1969), longa-metragem dirigido e estrelado por ele (ao lado de Peter Fonda) que virou símbolo da contracultura, da geração Guerra do Vietnã.
Sem destino (Easy rider) era um %u201Cprojeto de vida%u201D: ponha um mochila nas costas e caia na estrada. %u201CNós tínhamos atravessado a década de 1960 e ninguém tinha feito um filme sobre fumar maconha sem matar um monte de enfermeiras%u201D, disse Hopper à revista Entertainment Weekly em 2005. %u201CEu queria que Sem destino fosse como uma cápsula do tempo sobre aquele período.%u201D Foi. Ali estava o espírito dos tempos.