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Vazamento de óleo no Golfo do México é o maior desastre ecológico na história dos EUA

Governo reconhece que pode ter superado outros acidentes ambientais do passado. Jornal denuncia que empresa ignorou avisos de perigo

postado em 31/05/2010 08:20

Funcionários da British Petroleum limpam praia em Louisiana: 80 milhões de litros de óleo já vazaram no mar;Estamos decepcionados. Não fomos capazes de controlar o fluxo do poço. O vazamento foi enorme.; A declaração dada ontem por Bob Dudley, diretor-geral da British Petroleum (BP), empresa responsável pelo vazamento de óleo que originou uma imensa mancha preta no mar do Golfo do México, confirmou mais uma tentativa fracassada para interromper o que parece ser a maior tragédia ecológica da história dos Estados Unidos. Momentos antes, Carol Browner, conselheira de meio ambiente do presidente Barack Obama, admitiu na televisão que o acidente é ;provavelmente o pior desastre ambiental; do país.

;Isso quer dizer que há mais petróleo vazando no Golfo do México que em qualquer outro momento de nossa história. E isso significa que há mais petróleo que durante a mancha preta provocada pelo Exxon Valdez no Alasca (vazamento ocorrido em 1989);, acrescentou Carol no programa Meet the press, da rede NBC.

Pelo menos 80 milhões de litros do combustível fóssil foram derramados no mar desde que uma plataforma da BP explodiu, em 22 de abril, ameaçando com uma catástrofe ambiental e econômica centenas de quilômetros de costa nos Estados Unidos. A última tentativa de vedar o vazamento feita pelos engenheiros da BP foi bombear 30 mil barris de fluidos pesados pelo oleoduto danificado no fundo do mar. A Operação Top Kill, no entanto, foi considerada incapaz de resolver o problema no sábado. Ao ser questionado sobre o que havia impedido o sucesso da Top Kill, o chefe de operações da BP, Doug Suttles, disse não saber explicar: ;Não temos claro. Não fomos capazes de conter permanentemente o fluxo;.

Os esforços agora se concentram na remoção dos dutos danificados que estão localizados no fundo do mar, para, em seguida, ser feita a instalação de um dispositivo de contenção que possa deter o petróleo e, finalmente, bombeá-lo para a superfície. A operação será realizada por robôs operados por controle remoto, a quase 1.500m abaixo do local onde a plataforma submarina explodiu. A BP e a Guarda Costeira estimaram que serão necessários entre quatro e sete dias para que o artefato possa ser instalado.

A companhia e o governo americano, porém, já não trabalham com a possibilidade de uma interrupção imediata do vazamento. ;Se conseguirmos conter o fluxo do poço até agosto, fazendo com que não se derrame mais óleo no mar, será uma saída positiva;, afirmou Dudley.

Alerta ignorado
Com o novo fracasso, crescem as pressões sobre a empresa e a administração Obama. A situação da gigante de energia pode ficar ainda mais complicada depois de denúncia publicada na edição de ontem do New York Times. Segundo o jornal, técnicos da BP tinham sérias preocupações em relação à plataforma que explodiu e causou o desastre. Mesmo assim, a empresa não respeitou sua própria política de segurança.

Os documentos adquiridos pelo periódico também mostram que a companhia estava preocupada com a segurança de sua plataforma muito antes do que assinalou ao Congresso. Em 22 de junho de 2009, os engenheiros expressaram medo de que o revestimento de metal que a BP queria usar no poço pudesse sofrer um colapso sob altas pressões. ;Seria o pior dos cenários possíveis;, alertou Mark Hafle, engenheiro de perfurações, em um relatório interno obtido pelo jornal . ;Já vi esse tipo de coisa acontecer, ou seja, pode acontecer;, continuava o especialista. Mesmo assim, a companhia seguiu adiante depois de obter uma permissão especial, afirma o jornal nova-iorquino.

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