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Ativistas contam como Israel atacou barco humanitário turco

Agência France-Presse
postado em 31/05/2010 15:29

"Amparados pela escuridão, os soldados israelenses saltaram do helicóptero no barco turco ;Mavi Marmara; e começaram a disparar no momento em que pisaram no convés", contaram os ativistas pró-palestinos que presenciaram a invasão à frota de ajuda humanitária que se dirigia a Gaza.

Estes testemunhos, obtidos em ligações telefônicas realizadas antes de que estas fossem cortadas, contradizem a versão das autoridades israelenses, que culpam os militantes que iam a bordo da flotilha pelo início da violência.

Segundo uma rede de televisão israelense, 19 passageiros foram mortos e outros 36 feridos. O Exército israelense contabilizou, por sua vez, mais de dez passageiros mortos e entre sete e dez soldados feridos, dois deles com gravidade.

"Dispararam diretamente contra a multidão de civis adormecidos", acusou o movimento Gaza Livre, organizador da Frota da Liberdade, em um comunicado divulgado em seu site, após a invasão do "Mavi Marmara", o barco-almirante turco do comboio.

O "Mavi Marmara" transportava centenas de pesosas, entre as quais figuravam parlamentares europeus.

A operação, qualificada de ato de "pirataria" pelos palestinos, ocorreu em águas internacionais, muito antes das 20 milhas que delimitam as águas territoriais da Faixa de Gaza.

"Não pudemos contactar ninguém a bordo desde as 03h30 da manhã (21h30 de Brasília)", declarou à AFP Greta Berlin, uma das organizadoras.

"A última mensagem que recebemos foi: Tudo está bem, os barcos de guerra israelenses encontram-se atrás de nossa popa, vamos dormir".

O Exército israelense lançou o ataque às 04h (22h de Brasília) de três helicópteros apoiados por barcos, segundo um importante responsável militar israelense.

"Telefono escondido, centenas de soldados israelenses atacaram a Frota da Liberdade e os passageiros do barco em que me encontro estão se comportanto com muita valentia", contou uma testemunha, o jornalista da televisão Al Jazeera Abas Nasser, em sua última ligação.

"O capitão de nosso barco está gravemente ferido e há outros dois feridos entre os passageiros", acrescentou, antes que a comunicação fosse cortada.

Em "Mari Marmara" foi gravemente ferido um líder islamista radical árabe israelense, Raed Salah, segundo a televisão Al Aqsa, do grupo islamista palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

O escritor sueco Henning Mankell também se encontrava no comboio humanitário, segundo a delegação sueca da organização.

Um membro dos comandos da Marinha israelense contou que sua unidade foi atacada assim que chegou ao barco.

"Eles nos atacaram com barras metálicas e facas", explicou.

"Em certo momento, fomos alvo de disparos de balas reais", acrescentou.

Vários soldados foram expulsos do deque de cima para o de baixo e precisaram saltar na água para salvar suas vidas, declarou este soldado, que afirmou que havia cerca de 30 ativistas e que falavam árabe.

"Não era espontâneo, estavam preparados", disse um alto comandante militar israelense.

Imagens do barco turco divulgadas pelas redes de televisão internacionais e pela Internet mostram militares israelenses vestidos de negro que saem de helicópteros, assim como confrontos com ativistas pró-palestinos.

Também podem ser vistos feridos, que jazem sobre o convés, e uma mulher transportada numa maca.

"As imagens não são simpáticas, não posso mais que expressar meu pesar por todos os mortos", admitiu o ministro de Indústria e Comércio israelense, Binyamin Ben Eliezer.

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