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ONU pede investigação sobre ataque israelense e libertação de civis

Agência France-Presse
postado em 01/06/2010 08:26
O Conselho de Segurança da ONU pediu na madrugada desta terça-feira (1;/6) uma investigação imparcial do ataque israelense contra um comboio de ajuda humanitária aos palestinos e exigiu a libertação imediata dos civis.

Ao fim de uma reunião de emergência de mais de 12 horas para examinar a situação após o ataque de Israel, o Conselho de Segurança condenou os atos que resultaram na perda de pelo menos nove vidas e deixaram vários feridos.

Oficiais da Marinha israelenses atacaram, em águas internacionais, uma pequena frota humanitária integrada por cidadãos de diversos que seguia para Gaza com o objetivo de entregar mantimentos e remédios aos palestinos.

Quarenta e cinco dos 686 passageiros detidos aguardam a deportação de Israel, segundo a rádio pública do país.

Na declaração divulgada ao fim da reunião, o Conselho de Segurança pede "a libertação imediata dos barcos e dos civis detidos por Israel".

"O Conselho de Segurança destaca que a situação em Gaza não é sustentável", completa o texto.

O comunicado lembra ainda a resolução 1860, de janeiro de 2009, que exige a livre distribuição de mantimentos, combustíveis e remédios em Gaza, e determina a plena implementação por parte de Israel.

Também solicita uma "rápida, imparcial, confiável e transparente investigação, de acordo com os parâmetros internacionais", sobre o incidente ocorrido na madrugada de segunda-feira em águas internacionais do Mediterrâneo.

Nesta terça-feira, Rússia e União Europeia (UE) pediram em um comunicado conjunto a realização de uma investigação "completa e imparcial" sobre o ataque israelense. O presidente russo, Dmitri Medvedev, considerou a perda de vidas humanas "injustificável".

A ação israelense teve como alvo uma flotilha de seis barcos que zarparam da Turquia e pretendia superar o bloqueio imposto por Israel desde junho de 2007 à Faixa de Gaza, onde vivem isolados 1,5 milhão de palestinos.

Após o encontro em Nova York, o Conselho de Direitos Humanos da ONU, que tem sede em Genebra, convocou uma reunião urgente para a tarde desta terça-feira para examinar a ação militar israelense contra a frota que transportava ajuda humanitária a Gaza.

Em Israel, Yossi Edelstein, alto funcionário do ministério do Interior, afirmou que "686 passageiros estavam a bordo dos barcos interceptados e, deste efetivo, 45 estão em vias de expulsão".

"Uma parte dos detidos se recusou a apresentar identificação. Protestaram, se jogaram no chão, com uma atitude provocadora", completou Edelstein em entrevista à rádio militar.

"Os que aceitaram ser expulsos sem problema foram levados ao aeroporto Ben Gurion de Tel Aviv", disse.

Entre os passageiros estão cidadãos da Malásia, Indonésia, Marrocos, Argélia, Paquistão, Kosovo, Iêmen e muitos turcos, destacou a mesma fonte. A maioria dos países citados não têm relações diplomáticas com Israel, com exceção da Turquia.

A brasileira Iara Lee também está entre os detidos.

Edelstein, no entanto, não divulgou a nacionalidade ou identidade dos nove passageiros mortos no ataque.

A rádio militar informou que os passageiros eram originários de 38 países e que serão expulsos nas próximas 72 horas, depois de interrogatórios na presença de um juiz.

A emissora completou que 480 passageiros estavam detidos em uma prisão do sul de Israel e que os demais seriam transferidos do porto de Ashdod, para onde foram levados os barcos da flotilha, para a penitenciária.

A polícia está em alerta diante da prisão de Beersheva, para impedir qualquer protesto.

Ao mesmo tempo, 45 passageiros, em sua maioria turcos, continuam hospitalizados, assim como sete soldados.

Entre os detidos está Katab Jatib, presidente da mais importante organização de árabes israelenses, que convocou um dia de greve e protestos em Israel.

O governo de Israel também anunciou que impedirá qualquer barco com ajuda humanitária internacional de entrar nas águas da Faixa de Gaza.

"Não permitiremos que os barcos cheguem a Gaza para abastecer o que se transformou em uma base terrorista que ameaça o coração de Israel", advertiu o vice-ministro da Defesa, Matan Vilna.

Os coordenadores da "frota da liberdade" anunciaram que outro dois barcos estão a caminho de Gaza, mas que a próxima tentativa de romper o bloqueio israelense não deve acontecer antes de vários dias.

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