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Três semanas para costurar alianças para as eleições colombianas

Juan Manuel Santos, favorito de Uribe, corre atrás dos poucos votos que faltaram domingo

postado em 01/06/2010 09:24
;Ninguém esperava que (Antanas) Mockus pudesse ganhar no primeiro turno as eleições para presidente da Colômbia, mas também ninguém esperava que a diferença fosse tanta, de 25 pontos... Apagou o ânimo da onda verde;, lamentou Bivyane Rojas, advogada colombiana residente em Brasília. Ela foi uma das sete voluntárias do Partido Verde para conferir a contagem dos votos no consulado da Colômbia, onde havia 235 eleitores inscritos, mas apenas 89 votaram. Na capital brasileira, Mockus levou 61 votos, enquanto o candidato governista, Juan Manuel Santos, ficou com 18. O resultado na representação diplomática destoa frontalmente do quadro nacional: Santos, com 46,6% dos votos, chegou perto de se eleger de primeira.

Agora, os dois candidatos organizam sua estratégia para o segundo turno, no próximo dia 20. Para o jornal El Colombiano, de Medellín, Santos superou todas as expectativas, mas ;deve trabalhar como se tivesse ganhado por pouco;. ;Que não se cumpra a fábula da tartaruga e da lebre;, diz o jornal. Bivyane reconhece que Mockus não foi um bom orador nos últimos debates televisivos, e que parte de seu eleitorado deve ter preferido votar no eloquente Gustavo Petro, do esquerdista Polo Democrático. ;Sabíamos que Mockus tinha esse problema: ele não soube se expressar bem e foi mal nas discussões;, resignou-se. Além disso, a advogada recorda que o presidente Álvaro Uribe visitou áreas mais distantes dos grandes centros urbanos e fez um grande chamado pela continuidade de seu programa político de segurança pública, convencendo o eleitorado nas zonas rurais.

Preferências
A analista política Claudia López considera que haverá um reordenamento das alianças entre os finalistas e os candidatos eliminados. Santos reiterou que buscará alianças com os partidos conservador e liberal, além do Cambio Radical e até do Polo Democrático. Mockus também declarou suas preferências. ;Uma pessoa com quem não teria problema e com quem seria muito fácil alcançar um acordo é Rafael Pardo (candidato liberal), cujas qualidades pessoais e notável experiência parlamentar seriam muito positivas;, disse Mockus. O candidato verde também não descartou uma aliança com Petro.

A cientista política colombiana Elizabeth Ungar reconhece a importância das alianças, mas alerta que ;nunca os votos foram endossáveis;. Mockus, na sua avaliação, ficou numa posição ;muito complicada;: ;Terá que se preparar melhor para os debates, preparar um discurso muito mais contundente e claro se quiser chegar aos ;primivotantes;;, diz Ungar. Especialistas concordam que os debates das próximas três semanas poderão definir o segundo turno, em especial pelo possível impacto entre os quase 15 milhões de eleitores (mais da metade dos possíveis) que se abstiveram no último domingo.

De um total de 30 milhões de eleitores, Santos, ex-ministro da Defesa de Uribe, teve 6,7 milhões de votos, enquanto Mockus, ex-prefeito de Bogotá, recebeu 3,1 milhões. ;No primeiro turno, foram os eleitores de sempre. Mockus tentou mobilizar quem nunca tinha votado para fazer a diferença, mas esse eleitorado não apareceu;, diz Bivyane. A advogada acha difícil virar o jogo no segundo turno. ;Só se aparecerem esses jovens eleitores que nunca compareceram;;

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