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Israel desafia pressão internacional e defende bloqueio a Gaza

Agência France-Presse
postado em 01/06/2010 10:16
Israel advertiu nesta terça-feira (1;/6) que impedirá que qualquer barco humanitário entre nas águas de Gaza, um dia depois do sangrento ataque contra uma frota, que suscitou indignação internacional e a exigência de uma investigação por parte da ONU.

O tiro parece ter saído pela culatra para Israel em todos os aspectos: Turquia, que até pouco tempo era sua principal aliada na região, denunciou a operação como um "ataque sangrento" que deve ser "castigado", e o Egito ordenou a abertura do terminal de Rafah, a única passagem da Faixa de Gaza não controlada por Israel, para o envio de ajuda humanitária e a passagem de doentes.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que precisou encurtar uma visita ao Canadá e cancelar o encontro com o presidente americano, Barack Obama, é esperado em Israel para conter uma grande crise diplomática, causada pelo ataque israelense que deixou nove mortos.

Ao mesmo tempo, a polícia elevou seu nível de alerta para enfrentar eventuais "distúrbios" nas cidades árabes israelenses, após o chamado da maior organização da comunidade árabe-israelense a um dia de greve e manifestações.

No âmbito internacional, os países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) realizam nesta terça-feira uma reunião especial solicitada pela Turquia, um de seus membros. Também é esperada uma reunião extraordinária da Liga Árabe no Cairo. O Conselho de Direitos Humanos da ONU realizará igualmente outro encontro em Genebra.

Apesar da pressão internacional, Israel expressou sua determinação para prosseguir com o bloqueio que impõe à Faixa de Gaza desde 2007, quando o movimento radical Hamas tomou o controle deste território palestino.

"Não permitiremos que os barcos cheguem em Gaza e abasteçam o que se tornou uma base terrorista que ameaça o coração de Israel", declarou na terça-feira o vice-ministro da Defesa israelense, Matan Vilnai.

Organizadores da "Frota da Liberdade" garantiram que estão preparando o envio de outros dois barcos com ajuda humanitária para Gaza.

Uma das organizadoras, Greta Berlin, informou, entretanto, que a próxima tentativa de romper o bloqueio israelense não ocorrerá antes de alguns dias.

Na segunda-feira de manhã, soldados da marinha israelense executaram nas águas internacionais um ataque contra uma frota de seis barcos, que levava centenas de ativistas pró-palestinos e toneladas de ajuda para Gaza.

Segundo o Exército do Estado hebreu, nove passageiros morreram e sete soldados ficaram feridos a bordo do barco turco "Mavi Marmara", a maior das seis embarcações.

Após a grande onda de críticas internacionais contra Israel, o Conselho de Segurança da ONU pediu nesta terça-feira uma investigação imparcial do ocorrido e exigiu a libertação imediata dos civis detidos.

O ataque foi devastador também para as relações entre Israel e Turquia, outrora aliados na região. Ankara acusou Israel de "terrorismo de Estado".

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta terça-feira que Israel deve ser "castigado" pelo "massacre sangrento" e advertiu o Estado hebreu sobre o risco de pôr à prova a paciência da Turquia.

Israel, que já havia afirmado que não permitiria a violação do bloqueio, acusou os militantes pró-palestinos de terem "desencadeado a violência" ao atacar os soldados com facas e barras de ferro. Mas os organizadores do comboio garantiram que os soldados abriram fogo de forma injustificada.

Após o ataque, os seis navios foram levados sob escolta ao porto de Ashdod (sul de Israel). Quarenta e cinco dos 686 passageiros detidos estavam prestes a ser expulsos do país.

Nesta terça-feira, a imprensa israelense comentou o "fiasco" da operação.

"Nestes tempos difíceis, não temos o primeiro-ministro, nem o ministro das Relações Exteriores e nem o governo, composto em sua maioria por lamentáveis e inúteis ministros, que Israel precisa", afirmava o jornal centrista Maariv.

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