Agência France-Presse
postado em 02/06/2010 10:23
O Conselho de Direitos Humanos da ONU adotou nesta quarta-feira uma resolução exigindo uma "missão de investigação internacional" sobre a intervenção militar israelense contra uma flotilha de apoio aos palestinos que viajava para Gaza.A resolução estipulando "o envio de uma missão internacional para investigar violações das leis internacionais" foi aprovada por 32 dos 47 membros do Conselho, enquanto três países se pronunciaram contra, entre eles os Estados Unidos. A França e o Reino Unido se abstiveram.
Uma sessão extraordinária do Conselho sobre o ataque israelense foi convocada na terça-feira por iniciativa do representante palestino, do Sudão e do Paquistão, em nome da Liga Árabe e da Organização da Conferência Islâmica (OCI).
Os acalorados debates dos dois últimos dias geraram discrepâncias entre países ocidentais e árabes sobre a natureza de uma investigação, cujo princípio contava com a aprovação da maioria dos membros do Conselho.
Na União Europeia, "considerou-se que é preciso ater-se à decisão do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, que pediu na terça-feira o lançamento sem demora de uma investigação imparcial, crível e transparente, em conformidade com os critérios internacionais", explicou à AFP um diplomata ocidental. "A diferença é o caráter internacional ou não o mecanismo", acrescentou.
[SAIBAMAIS]"A resolução cria uma missão internacional antes de dar a possibilidade a um governo responsável de investigar por si só este incidente e, como consequência, corre o risco de politizar ainda mais uma situação delicada e frágil", advertiu a embaixadora americana Eileen Donahoe antes da votação.
A resolução adotada nesta quarta-feira prevê também que os membros encarregados da investigação sejam designados pelo presidente do Conselho de Direitos Humanos, onde a relação de forças inclina-se em favor dos países muçulmanos.
Todos os países condenaram o ataque israelense de segunda-feira em águas internacionais contra uma flotilha que levava militantes pró-palestinos e toneladas de ajuda humanitária a Gaza.
Também pediram o fim do bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007.
O embaixador israelense, presente durante a sessão, defendeu a ação de seu país. "Queria lembrar ao Conselho que a Faixa de Gaza é controlada de fato pelo grupo terrorista Hamas", disse Aharon Leshno Yaar.
"Essa flotilha, supostamente de ajuda humanitária, era política e provocadora por natureza", assegurou. Ele insistiu: "A ameaça à segurança israelense é constante e real".