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BP faz pequenos avanços para conter maré negra no Golfo do México

Agência France-Presse
postado em 03/06/2010 19:16
A esperança de que a enésima tentativa da BP para recuperar o petróleo que vaza há seis semanas no Golfo do México tenha sucesso despertou esta quinta-feira, enquanto o governo americano prevê apresentar a primeira conta à petroleira britânica.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, informou que o governo apresentaria nesta quinta-feira a primeira conta de 69 milhões de dólares à BP "para reembolsar os contribuintes", conforme a lei americana do poluidor-pagador.

Até agora, o grupo BP, ao qual a maré negra já custou um bilhão de dólares só havia acumulado fracassos em sua tentativa de deter o vazamento de petróleo desde 22 de abril, mas na quinta-feira conseguiu cortar o duto subterrâneo do poço danificado, onde se origina o escapamento.

Esta delicada operação, realizada a 1.500 metros de profundidade com "tesouras gigantes" acionadas por robôs, deveria permitir a colocação de um funil capaz de recuperar o petróleo que continua vazando e levá-lo a um barco na superfície.

O diretor da BP, Tony Hayward, informou na quinta-feira que o grupo poderia saber "entre 12 e 24 horas" se sua manobra foi bem sucedida, insistindo que existia "ainda um risco".

Como sinal da gravidade da situação, 45 dias após o início da pior maré negra da história americana, a Casa Branca anunciou que o presidente Barack Obama faria na sexta-feira sua terceira visita à região do Golfo do México desde a catástrofe. O presidente irá à costa da Luisiana (sul), já contaminada.

O vazamento se aproxima, agora, das praias da Flórida e forçou a suspensão da pesca em um terço do Golfo do México.

Algumas manchas de petróleo foram detectadas nas últimas horas no mar a uma dezena de quilômetros da praia de Pensacola, importante ponto turístico da Flórida, e os meteorologistas já disseram que é quase certo que a mancha chegue à costa nestes dias.

A mancha "deveria alcançar a costa do estado nas próximas horas", disse um funcionário da Agência de Proteção do Meio Ambiente da Flórida, faltando pouco tempo para o início da temporada de verão no hemisfério norte.

"Os telefones pararam de tocar em busca de reservas", disse à AFP Laura Lee, que trabalha para a Visit Pensacola, birô de turismo local.

"As praias estão abertas, a água é segura e não temos impactos de petróleo", mas os hotéis viram despencar o número de reservas pelo temor gerado pela aproximação da maré negra, lamentou.

A frustração é tal diante dos repetidos fracassos da BP que alguns até mencionam a opção de detonar uma bomba atômica controlada no poço. Mas esta hipótese extrema, que o jornal New York Times apresentou na capa desta quinta-feira, foi rejeitada pelas autoridades.

"Antes de considerar esta opção, há muitas outras coisas a tentar", disse o almirante da Guarda Costeira americana, Thad Allen.

Enquanto isso, as agências de classificação financeira Fitch e Moody;s rebaixaram nesta quinta-feira a nota da BP, fazendo alusão a riscos financeiros do vazamento.

Fitch anunciou, em um comunicado, que rebaixou de "AA " para "AA" com perspectiva negativa a nota da British Petroleum (BP). Estas notas mantêm o grupo entre "os emissores de alta qualidade".

A Moody;s, por sua vez, rebaixou a nota creditícia da BP de "AA1" para "AA2" levando em conta que a maré negra "acarreta custos importantes para contê-la e limpá-la, bem como gastos legais importantes".

O vazamento de petróleo quase triplicou de tamanho em um mês e têm dimensão total de 24.400 km2, similar ao estado de Maryland (nordeste dos EUA) ou mais que o dobro da Jamaica, segundo imagens de satélite difundidas em Miami.

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