Agência France-Presse
postado em 09/06/2010 10:41
Um helicóptero da Otan foi derrubado por talibãs nesta quarta-feira (9/6), na província de Helmand, no sul do Afeganistão, matando quatro soldados estrangeiros. Pouco antes do ataque, um militar da Otan morreu na explosão de uma bomba artesanal, também no sul. Esses incidentes fazem parte de uma série negra para as forças internacionais: 23 soldados estrangeiros morreram em quatro dias de combates, explosões de minas artesanais e na queda do helicóptero.Um porta-voz militar da Otan -voz não indicou a nacionalidade dos soldados. Já o porta-voz dos talibãs, Yousuf Ahmadi, reivindicou para a AFP a responsabilidade por este ataque. ;Nós o abatemos com um foguete. Ele caiu no mercado do distrito de Sangin", afirmou Ahmadi. O porta-voz do governo de Helmand, Daud Ahmadi, havia indicado à AFP que o helicóptero caiu no distrito de Sangin.
Tropas britânicas estão mobilizadas neste distrito onde os insurgentes agem com frequência. Dificilmente os talibãs conseguem atingir um helicóptero. A maior parte das quedas dessas aeronaves no Afeganistão ocorre por acidente, principalmente na aterrissagem.
Em apenas um dia, na segunda-feira, sete americanos, dois australianos e um francês foram mortos, o que mostra o tamanho do desafio que tem pela frente o governo afegão, que tenta iniciar um diálogo com os talibãs no momento em que o grupo terrorista está em posição de força. Nos últimos meses, de um a dois militares das forças da Otan morrem em média por dia no Afeganistão.
O aumento das perdas não é uma surpresa. A Otan, liderada pelos Estados Unidos, tinha previsto esse panorama. Após enviar 30.000 soldados americanos como reforço para elevar a 150.000 o número de militares estrangeiros mobilizados no Afeganistão, os ocidentais esperavam um aumento automático e "estatístico" das perdas.
Segundo um registro estabelecido pela AFP a partir de dados do site independente icasualties.org, 253 soldados das forças internacionais morreram no país desde 1; de janeiro de 2010, sendo que quase dois terços (157) eram americanos. Em visita a Londres, o secretário americano de Defesa Robert Gates disse que espera que sinais de progresso sejam observados "até o final do ano" no Afeganistão, apesar do número crescente de vítimas.
O comandante das forças da Otan no Afeganistão, general Stanley McChrystal, "está convencido de que até o final do ano será capaz de apresentar progressos suficientes para validar a estratégia e também justificar que a manutenção do trabalho", assegurou Gates.
A série sangrenta no Afeganistão é registrada no momento em que as forças da Otan atuam há semanas em uma ofensiva em Kandahar, berço dos talibãs, que deve terminar neste verão (hemisfério norte). Em resposta, os talibãs anunciaram em meados de maio o lançamento de operações de "jihad" - ataques, atentados e assassinatos - visando às forças da Otan, além de estrangeiros presentes no país.