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EUA, França e Rússia descontentes com o acordo Irã-Brasil-Turquia

Agência France-Presse
postado em 09/06/2010 11:17
Estados Unidos, França e Rússia expressaram nesta quarta-feira (9/6) suas reservas quanto ao acordo do Irã com o Brasil e Turquia para a troca de urânio iraniano, poucas antes que o Conselho de Segurança da ONU se reúna para votar uma nova série de sanções contra a República Islâmica.

As três potências - conhecidas como o Grupo de Viena - transmitiram ao diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o japonês Yukiya Amano, suas respostas oficiais a essa iniciativa, indicou, em Viena, um comunicado da agência da ONU.

A AIEA precisa que recebeu cartas distintas e um documento comum dos Estados Unidos, França e Rússia, chamado "Preocupações a respeito da declaração enviada pelo Irã à AIEA", mas se absteve de revelar seu conteúdo.

No entanto, segundo comentários do enviado americano à sessão a portas fechadas da AIEA, as três potências deixaram entrever suas preocupações em relação ao acordo tripartite, já que o mesmo não contribui para gerar confiança no caráter pacífico do programa nuclear iraniano.

Diplomatas que assistiram ao encontro entre Amano e os três enviados indicaram que a França e a Rússia também expressaram as mesmas preocupações.

A proposta Irã-Brasil-Turquia "não proporciona medidas alternativas que fortaleçam a confiança" sobre a natureza pacífica do programa iraniano, afirmou o embaixador americano Glyn Davies aos 35 representantes da AIEA.

A AIEA esperava há dias a opinião dessas três potências sobre o acordo alcançado entre o Irã, o Brasil e a Turquia em 17 de maio passado.

Esse acordo prevê a troca na Turquia de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear enriquecido a 20%, proporcionado pelos ocidentais para um reator nuclear de pesquisa científica de Teerã.

Essa proposta já foi recebida com receio por algumas grandes potências, que a consideram uma manobra de distração iraniana para evitar novas sanções.

As potências ocidentais temem que o Irã queira dotar-se de armas atômicas sob pretexto de um programa nuclear civil, algo que Teerã nega.

O presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad advertiu na terça-feira, em Istambul, que seu país se negará a participar de novas negociações caso o Conselho de Segurança aprova uma quarta série de sanções contra seu país.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, por sua vez, opinou que as sanções da ONU para resolver crises nucleares são ineficazes, embora seu país tenha apoiado uma nova resolução do Conselho de Segurança contra o Irã.

"Você conhece um único exemplo de sanções eficazes? Em seu conjunto, são ineficazes", declarou Putin.

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