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Brasil e Turquia podem deixar de intermediar negociações com Irã em acordo sobre urânio

postado em 09/06/2010 19:24
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconheceu nesta quarta-feira (9/6) que o Brasil e a Turquia podem não dar continuidade às tentativas de negociações em busca de um acordo para o fim do impasse envolvendo o Irã e a comunidade internacional. O chanceler disse que a indefinição se deve à dependência das reações do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aplicou sanções contra seu país. Segundo Amorim, sob sanções, a possibilidade de o Irã negociar se tornam mais difíceis.

;Não sei se o Brasil e a Turquia vão continuar a trabalhar para buscar um acordo;, disse Amorim, em entrevista coletiva concedida no Palácio Itamaraty. ;Sob sanções, a possibilidade de o Irã vir a negociar é muito menor. É o fim de uma etapa, de um processo;, concluiu. ;Foi uma decisão irrazoável [a definição pelas sanções ao Irã por parte do Conselho de Segurança].;

Para o chanceler, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos não serão prejudicadas pelas divergências no Conselho de Segurança da ONU. ;Espero que a nossa relação continue se aprofundando, como já houve tantas outras discordâncias;, afirmou Amorim, sem demonstrar preocupação com o acirramento das tensões.

Segundo o ministro, as divergências são naturais entre os grandes países. ;Não conheço um país grande que não tenha tido discordâncias em relação aos Estados Unidos. Por exemplo: França e Rússia tiveram [divergências]. Temos de nos acostumar que somos um país grande.;

Amorim afirmou que, para se firmar uma parceria estratégica, é necessário que todos estejam em um mesmo nível e não em posições de comando e obediência. ;Eu quero uma parceria estratégica com os Estados Unidos. Se houver uma posição de subserviência, não será uma parceria estratégica, mas o alinhamento automático;, declarou.

Dos 15 países que integram o Conselho de Segurança da ONU, 12 votaram hoje a favor das sanções. Somente o Brasil e a Turquia foram contra, enquanto o Líbano se absteve. Em maio, os dois países contrários à decisão intermediaram acordo para que o Irã enviasse urânio leventemente enriquecido a 3,5% para a Turquia, recebendo de volta o produto enriquecido a 20%. Para grande parte da comunidade internacional, o programa nuclear iraniano é uma ameaça pois esconderia a produção de armas atômicas.


As resoluções aprovadas hoje definem várias limitações para o Irã que afetarão os setores do comércio, militar, de empresas marítimas e de operações bancárias. Entre as medidas, haverá uma fiscalização mais intensa aos carregamentos de exportação destinados ao Irã, a suspensão da venda de armas pesadas para o país e uma rigorosa inspeção nos navios de origem iraniana.

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