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Israel "suaviza" bloqueio na faixa de gaza

Autoridades liberam a entrada de batatas crocantes, refrigerantes, creme dental e outros produtos na Faixa de Gaza. Palestinos reclamam

postado em 10/06/2010 08:52

Tudo o que 1,5 milhão de palestinos na Faixa de Gaza desejam é liberdade para exportar e importar produtos, transitar livremente pelas fronteiras e desenvolver a economia de seu território. Para 1 milhão deles, a eletricidade não passa de sonho ; 20 mil nem sequer têm um lar digno e vivem em tendas. Em uma concessão questionada por ativistas, o governo israelense suavizou o bloqueio à Faixa de Gaza. Mas em vez de permitir a entrada de cimento, Israel autorizou apenas o ingresso de batatas crocantes, refrigerantes, balas, biscoitos, temperos, sucos, geleias e creme de barbear. Além de não poder reconstruir as 11 mil casas, 105 fábricas, 20 hospitais e clínicas, 159 escolas e universidades danificadas durante a guerra, entre o fim de 2008 e o início de 2009, a população está impedida de receber medicamentos e matéria-prima para indústrias.

A decisão está longe de agradar aos palestinos e colocou o Reino Unido no centro de um escândalo. ;Não é isso o que desejamos. Queremos o fim do embargo, para termos vida;, disse ao Correio, pela internet, o estudante Homan Al-Ghussein, 18 anos, da Cidade de Gaza. ;Os israelenses estão fazendo isso por medo da opinião do mundo, ainda que eles não deem uma m; para ninguém;, acrescentou. O ativista pró-direitos humanos Ibtihal Al-Aloul, 24 anos, concorda com Homan. ;Precisamos de uma completa suspensão do bloqueio. Não apenas para algumas bebidas, mas também materiais de construção e coisas importantes, como madeira, plástico, vidro para as janelas quebradas e combustível para geradores de energia;, comentou. Um documento secreto divulgado pelo jornal britânico Daily Telegraph sustenta que o Reino Unido teria proposto a Israel suavizar o embargo em troca da desistência de um inquérito internacional.

Sobreviventes
Pela internet, o Correio conversou com o italiano Giuseppe Joe Fallisi, o primeiro tenor a se apresentar na Faixa de Gaza e um dos sobreviventes do ataque israelense à flotilha humanitária Liberdade, no Mar Mediterrâneo. ;Os israelenses são os piores criminosos, racistas e mentirosos hipócritas. Peça a eles para deixarem-nos entrar em Gaza com as casas ou as toneladas de cimento que levamos;, esbravejou. ;Estão tentando limpar o que fizeram contra nós e o que estão fazendo contra o povo palestino nestes 62 anos;, acrescentou, de sua casa em Ostuni (no sul da Itália).

Na madrugada de 31 de maio passado, Fallisi estava a bordo do barco 8000, logo atrás e à direita do MV Mavi Marmara, a embarcação invadida pelos comandos israelenses. ;O que mais me chocou foi a mira infravermelha das armas apontada na escuridão, sobre nossas cabeças e nosso peito;, disse o tenor. O norte-americano Kenneth O;Keefe, 41 anos, estava no navio no qual nove ativistas foram mortos pelos militares. Fundador da ONG Aloha Palestine, ele acusou Israel de passar uma imagem de governo ;razoável e humanitário;. ;Isso não vai mudar nada. É uma ação de um Estado que submete um povo a uma situação horrenda por vários anos;, critica o ativista, que sofreu concussão cerebral após ser espancado por agentes da imigração israelenses, antes da deportação, no aeroporto de Telavive.

Ouça a entrevista com Kenneth O;Keefe, sobrevivente do ataque israelense à flotilha humanitária:

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