Agência France-Presse
postado em 11/06/2010 11:45
O governo interino do Quirguistão decretou nesta sexta-feira (11/6) estado de emergência e toque de recolher em Osh (sul), bastião do presidente deposto Kurmambek Bakiyev, onde foram registrados novos confrontos que deixaram pelo menos 37 mortos e mais de 500 feridos."O número de vítimas em Osh chega a 37 pessoas. Mais de 500 estão feridas", declarou à AFP um porta-voz do Ministério quirguiz da Saúde.
As autoridades interinas, que tentam sem êxito restaurar a ordem nesta antiga república soviética da Ásia Central desde que chegaram ao poder no início do ano durante violentos protestos que levaram à derrubada de Bakiyev, insistiram que as forças governamentais controlam uma situação que continua sendo volátil.
"Os disparos cessaram em toda a cidade e a situação está sob controle das forças de ordem", declarou o porta-voz do Ministério do Interior, Rajmatilo Ahmedov, à rádio nacional.
Mas as testemunhas contatadas por telefone em Osh descreveram um cenário caótico, com trocas de tiros até o início da manhã e helicópteros com armamento pesado sobrevoando o centro da cidade.
Segundo as testemunhas, os enfrentamentos começaram após uma briga entre jovens quirguizes e uzbeques.
A situação deteriorou-se no sul do país há quase dois meses quando o líder do partido uzbeque do Quirguistão, Kadiryan Batirov, foi acusado de ter incendiado a casa da família Bakiyev.
Devido a esta nova onda de violência, que eclodiu na quinta-feira à noite, o governo interino, liderado por Rosa Otunbayeva, decretou nesta sexta-feira estado de emergência e toque de recolher em Osh.
"Um estado de emergência foi declarado em Osh e em outros distritos vizinhos (Karasu, Aravan e Uzgen) de 11 de junho a 20 de junho", declarou à AFP o porta-voz do governo Farid Niyazov.
Estes confrontos são registrados duas semanas antes de um referendo sobre a Constituição quirguiz previsto para o dia 27 de junho.
Em 19 de maio, o governo interino anulou uma eleição presidencial prevista para o outono (hemisfério norte) e passou o cargo de presidente para Otunbayeba até o final de 2011.
Os presidentes de Rússia e China lançaram um apelo à calma da capital do Uzbequistão, Taskent, onde participam de uma cúpula regional.
"A China e outros vizinhos continuarão oferecendo toda a ajuda possível ao Quirguistão", afirmou o presidente chinês, Hu Jintao.
"Esperamos sinceramente que esta fase de instabilidade interna seja superada o mais rápido possível", afirmou seu colega russo, Dmitri Medvedev.
Antiga república soviética considerada estratégica, o Quirguistão acolhe uma base militar russa e uma base aérea americana vital para o abastecimento das tropas internacionais no Afeganistão.
Desde a independência do Quirguistão em 1991, após o fim da União Soviética, as tensões entre minorias étnicas marcaram a vida deste país vizinho do Uzbequistão, somando-se à dificuldades econômicas persistentes.