Agência France-Presse
postado em 12/06/2010 11:40
O regime cubano vai liberar em breve o preso político Ariel Sigler Amaya, portador de uma paralisia, como resultado de um diálogo entre a Igreja Católica e o presidente Raúl Castro, informou nesta sexta-feira o Arcebispado de Havana.O cardeal Jaime Ortega foi informado pelas autoridades que Sigler, internado no hospital ;Julito Díaz; de Havana, e que cumpre uma condenação de 20 anos, receberá "licença extrajudicial". Além disso, outros seis presos políticos serão trasladados neste sábado a prisões localizadas em suas províncias, segundo comunicado do Arcebispado.
Sigler e outros seis presos políticos fazem parte do grupo de 53 ainda na prisão, de um total total de 75 dissidentes detidos em março de 2003. Vinte e um deles já foram liberados por licença extrajudicial e um por já ter cumprido a condenação.
A libertação de Sigler e a relocalização dos presos políticos, levados para penitenciárias mais próximas de onde moram as famílias, dá continuidade a um processo que começou no dia 1 de junho passado.
O presidente da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), Elizardo Sánchez, declarou-se "insatisfeito" com o anúncio, por considerar que Sigler "deve ser libertado de forma incondicional", não através de "licença".
Sigler dirigia o Movimiento Independente Opção Alternativa (MIOA) na província de Matanzas (ocidente), considerado ilegal pelo governo; usa cadeira de rodas desde setembro de 2008 e foi internado em 14 de agosto de 2009 no hospital por uma série de enfermidades crônicas como polineuropatia e problemas digestivos e renais.
O último preso político cubano liberado havia sido Nelson Aguiar, de 64 anos, por estar enfermo, depois de uma gestão da Espanha em outubro de 2009.
A suavização da política voltada para os presos ocorre num momento em que Cuba enfrenta críticas dos Estados Unidos e da União Europeia sobre direitos humanos, depois da morte do opositor detido Orlando Zapata, no dia 23 de fevereiro, após greve de fome de 85 dias.
A tensão aumentou com o jejum declarado um dia depois dessa morte pelo psicólogo opositor Guillermo Fariñas, para exigir a libertação de 26 dissidentes enfermos.