Agência France-Presse
postado em 13/06/2010 21:12
Israel anunciou neste domingo a criação de uma "comissão pública independente", com a participação de dois observadores estrangeiros, para investigar o ataque israelense contra uma frota de ajuda humanitária internacional para Gaza, no dia 31 de maio.A comissão será presidida pelo juiz aposentado da Corte Suprema israelense Yaakov Tirkel, de 75 anos, e "investigará os aspectos relativos às ações tomadas pelo Estado de Israel para impedir que os barcos chegassem à costa de Gaza no dia 31 de maio", indicou um comunicado do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Os dois observadores estrangeiros são o prêmio Nobel da Paz irlandês David Trimble, ex-político protestante, e o ex-procurador geral do exército canadense Ken Watlkin.
"Devido às excepcionais circunstâncias do incidente, decidimos designar dois especialistas estrangeiros que serão observadores", afirmou o comunicado israelense. Mas Trimble e Waltkin "não terão o direito de votar em relação aos procedimentos e conclusões da comissão", acrescentou.
O comunicado destaca ainda que Trimble e Waltkin podem ter o acesso negado a documentos ou informações "passíveis de causar danos substanciais à segurança nacional ou às relações exteriores".
Mais cedo, Netanyahu afirmou a membros de seu partido Likud que a composição e o mandato da comissão estavam sendo coordenados com os Estados Unidos.
Ministros que participaram da reunião com Netanyahu afirmaram que o líder israelense conversou por telefone com o presidente americano, Barack Obama, na noite de sábado e o informou sobre a comissão.
Neste domingo, os Estados Unidos responderam ao anúncio público feito por Israel afirmando que é "um passo à frente" e esperam que as investigações termimem "rapidamente", declarou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, em um comunicado.
"Ainda que Israel precise de tempo para concluir o processo, esperamos que as investigações da comissão e do exército (israelense) sejam feitas rapidamente", disse Gibbs.
"Esperamos também que depois de terem terminado, suas conclusões sejam apresentadas publicamente e mostradas à comunidade internacional", acrescentou.
O Conselho de Segurança da ONU havia solicitado uma investigação "imparcial" sobre o incidente, após diversos países, incluindo a Turquia, defenderem uma investigação independente e internacional.
O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, havia afirmado que Israel deveria aceitar uma investigação internacional se quisesse restaurar as relações entre os dois países.
No dia 31 de maio, militares israelenses atacaram uma frota internacional de ajuda humanitária que seguia para a Faixa de Gaza com militantes pró-palestinos. Na ocasião, nove militantes turcos morreram e 20 pessoas ficaram feridas.
O ataque, realizado em águas internacionais, recebeu duras críticas de diversos países, que pedem, além de esclarecimentos à Israel, o fim do bloqueio à Faixa de Gaza.