postado em 15/06/2010 07:59
O presidente Álvaro Uribe, o ministro da Defesa e os comandantes militares foram mais uma vez festejados ontem pelos quatro policiais ; três deles de alta patente ; resgatados após quase 12 anos em poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Enquanto os comandos de elite continuavam em busca dos guerrilheiros que faziam a guarda no acampamento-cativeiro, os recém-libertados reencontravam (ou mesmo conheciam) familiares na base aérea de Bogotá. O mais graduado deles, o general Luis Mendieta, promovido ao posto máximo como prisioneiro, recebeu uma homenagem de forte conteúdo simbólico: o comandante da Polícia Nacional, general Óscar Naranjo, ofereceu-lhe obediência pelo tempo de farda. ;O senhor é meu superior e me declaro às suas ordens;, disse Naranjo.O orgulho dos militares pelo sucesso de uma operação que o ministro da Defesa, Gabriel Silva, definiu como ;cirúrgica; dividiu espaços na imprensa colombiana com a emoção dos ex-reféns e das famílias. O resgate foi anunciado no início da tarde de domingo pelo próprio Uribe, mas inicialmente as tropas tinham em seu poder apenas o general Mendieta e o coronel Enrique Murillo. À noite foi confirmada a libertação do sargento Arbey Delgado, e apenas na manhã de ontem os comandos enviados à selva do departamento de Guaviare, no leste do país, localizaram o coronel Wiliam Donato. Mendieta, resgatado no dia em que completou 53 anos, tinha dificuldades para falar por causa de uma doença na garganta. Ganhou de presente um telefone Blackberry.
Os quatro desembarcaram na base aérea por volta das 10h20 (12h20 em Brasília), vindos de San José del Guaviare, para onde haviam sido transportados em um dos helicópteros que levaram à remota região de Calamar, cerca de 50km a sudeste da capital regional, os 300 homens das forças especiais que invadiram o cativeiro. ;Deus lhes pague por esses resultados;, disse o general Mendieta a Uribe, ao ministro Silva e ao comandante das Forças Militares, general Freddy Padilla, que coordenou a operação in loco. O coronel Donato e o sargento Delgado foram encontrados ainda presos às correntes com as quais foram castigados pelos captores. Segundo Mendieta, o grupo passou os últimos 16 meses privado até do rádio. ;Saio sem saber de muitas coisas que estão acontecendo no país, sem falar nos 12 anos de atraso em matéria de conhecimento;, lamentou o oficial.
;Cumprimos a missão. Este é o melhor exército do mundo;, festejou o comandante do Exército general Óscar González. A Operação Camaleão, como foi batizada, é o golpe mais espetacular que os militares infligem às Farc desde julho de 2008, quando a Operação Xeque libertou 14 reféns ;VIPs; ; entre eles a ex-candidata presidencial Ingrid Betancourt e três norte-americanos que atuavam como contratados do Departamento de Estado em operações antidrogas. De acordo com os militares, a ação do último domingo começou a tomar corpo em março, quando um guerrilheiro capturado em combate no Guaviare decidiu desertar e informar com detalhes sobre as trilhas por onde os quatro militares reféns eram deslocados. Mais uma vez sem disparar um só tiro, o cativeiro foi atacado e os reféns retirados prontamente da área.
Até a tarde de ontem, havia notícias vagas sobre perseguição a guerrilheiros, mas nenhuma informação sobre baixas.