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Duzentos mortos e 100 mil refugiados no Quirguistão

postado em 15/06/2010 08:01
Corpos estirados pelas ruas, casas e carros incinerados compõem o cenário de violência dos conflitos étnicos no sul do Quirguistão. Desde o início dos confrontos entre quirguizes e membros da minoria uzbeque, na noite de quinta-feira passada, 124 pessoas morreram, de acordo com os números oficiais. Mas os mortos podem ultrapassar 200. Segundo as estimativas, 100 mil pessoas de etnia uzbeque teriam fugido de Osh, a segunda maior cidade do país e ponto de partida para a explosão dos conflitos, para a fronteira com o Uzbequistão, para escapar das gangues.

Ontem, de acordo com os relatos, os enfrentamentos se intensificaram, aumentando a fuga da população, assustada, faminta e ferida. Conforme o chefe adjunto do Ministério de Situações de Emergência, Izzat Ibraguimov, mais de 80 mil refugiados haviam sido registrados na região uzbeque de Andijan, fronteira com o Quirguistão, até a tarde de ontem. Isso, segundo ele, sem contar as milhares de crianças que entraram no país, o que pode elevar o saldo para mais de 100 mil.

Diante da situação, o Uzbequistão anunciou o fechamento da fronteira, e pediu ajuda internacional para os 45 mil refugiados adultos e seus filhos que já haviam sido oficialmente recebidos no país. O anúncio foi feito pelo vice-primeiro-ministro uzbeque, Abdullah Aripov. No Quirguistão, foi decretado estado de emergência e toque de recolher. O Exército recebeu ordens para disparar. Apesar de toda essa mobilização, o governo interino do Quirguistão admitiu que está difícil retomar o controle no sul do país.

Enquanto isso, a comunidade internacional começou a se mobilizar em busca de um meio de contornar a situação e oferecer ajuda humanitária. A Alta Representante de Política Exterior da União Europeia, Catherine Ashton, declarou estar muito preocupada e anunciou que enviará seu emissário para o país da Ásia Central.

Em contrapartida, segundo agências de notícias russas, a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (ODKB), aliança militar de países da ex-União Soviética do qual o Quirguistão é membro, vai analisar sobre o envio de uma força de reação imediata.

O Quirguistão é um Estado pobre, mas estratégico e de interesse tanto para os Estados Unidos, que possuem uma base áerea, quanto para Rússia, que conta com uma militar. O posto norte-americano é um ponto crucial para o abastecimento das tropas americanas no Afeganistão

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