postado em 15/06/2010 17:48
Brasília ; Em Genebra, na Suíça, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta terça-feira (15/6) que Brasil e Turquia ;não inventaram um novo esquema; ao propor o acordo para a troca de urânio com o Irã como meio de encerrar o impasse em torno do programa nuclear daquele país. Segundo o chanceler, os dois governos apenas ;deram nova vida; à sugestão original definida no ano passado.Para Amorim, o único meio de acabar com a polêmica é permitir que a Agência de Internacional de Energia Atômica (Aiea) fiscalize as usinas iranianas e concluam que o programa nuclear tem fins pacíficos, como afirma o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. O chanceler participou da Conferência sobre Desarmamento das Nações Unidas.
;Nós não inventamos um novo esquema. Nós meramente demos nova vida a uma proposta originalmente feita pelo Grupo de Viena [formado por Estados Unidos, a França e a Rússia], levando em consideração os parâmetros que nos foram repetidamente indicados como chaves para um acordo de criação de confiança;, disse ele.
Amorim reiterou que o acordo nuclear, rejeitado pela maior parte da comunidade internacional, tinha o aval dos Estados Unidos, da França e da Rússia. Segundo ele, a alternativa para amenizar a desconfiança internacional é garantir a presença dos inspetores da Aiea nas usinas do Irã. ;A presença de inspetores da Aiea é a melhor garantia para apaziguar as preocupações de que nenhum material está sendo desviado para finalidades não-pacíficas. O Brasil acredita que o convencimento alcançará mais do que as ameaças e de que a construção de uma atmosfera positiva é o único caminho viável para uma solução que seja satisfatória a todos;, afirmou.
O chanceler lembrou que o acordo, negociado em parceria com a Turquia, foi resultado de longas negociações. Pelo documento, o Irã deve enviar 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido (a 3,5%) para Turquia. Em contrapartida, no período de até um ano, receberá 120 quilos de urânio enriquecido a 20%. ;Recriminação e suspeita deram lugar a pacientes negociações;, disse.
Respondendo às críticas aos motivos que levaram o Brasil a envolver-se na questão iraniana, Amorim afirmou que o impulso foi a busca pela paz. ;A Turquia e o Brasil guiaram-se primordialmente pelo objetivo de encontrar uma fórmula que garantisse o exercício do direito do Irã ao uso pacífico da energia nuclear;, afirmou.