postado em 20/06/2010 20:58
Bogotá - O conservador Juan Manuel Santos, novo presidente da Colômbia depois de vencer as eleições deste domingo, é um pragmático que soube capitalizar a popularidade do presidente Alvaro Uribe com a promessa de continuar com sua política linha-dura de segurança.Com 58 anos, casado e pai de três filhos, o candidato do Partido Social de Unidade Nacional (U, direita) deixou o Ministério da Defesa em maio de 2009 para se candidatar à presidência, adotando a bandeira política de Uribe de acabar com a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Apesar de ter uma experiência de mais de 20 anos como ministro de diversos governos, foi seu trabalho no Ministério da Defesa que o ergueu como figura política em um país que ainda sofre com a violência das guerrilhas, narcotraficantes e grupos criminosos.
Nos três anos em que foi ministro da Defesa (2006-2009), Santos desferiu os mais duros golpes contra as Farc.
Entre as ações mais destacadas estão a Operação Jaque, que resgatou a ex-candidata à presidência Ingrid Betancourt, três americanos e 11 policiais e militares sequestrados, e o bombardeio de um acampamento das Farc no Equador, no qual morreu o número dois da guerrilha, Raúl Reyes, em 2008.
Mas sua passagem pelo Ministério da Defesa também foi afetada pelo escândalo dos "falsos positivos", como foi chamada a execução promovida por militares de dezenas de civis, apresentados como guerrilheiros mortos em combate.
Paralelamente, Santos enfrenta um processo penal com ordem de prisão preventiva, impetrado no Equador por conta do bombardeio ao acampamento de Reyes. As relações entre os dois países ficaram abaladas até novembro do ano passado.
Nascido em uma rica família de Bogotá vinculada à política e ao jornalismo, Santos é sobrinho-neto do ex-presidente Eduardo Santos (1938-1942). Estudou Economia e Administração de empresas nos Estados Unidos, com especialização em desenvolvimento econômico na London School of Economics.
Santos, que se iniciou na política no Partido Liberal, foi ministro do Comércio Exterior no governo do liberal César Gaviria (1990-1994) e da Fazenda no governo do conservador Andrés Pastrana (1998-2002). Em 1993, foi eleito pelo Congresso como vice-presidente.
Ao longo da campanha eleitoral, que lançou há quatro meses depois de a Corte Constitucional ter julgado inviável uma nova reeleição de Uribe, Santos multiplicou suas declarações de lealdade a ele.
"Respeito muito o presidente Uribe. Acredito que fez um grande governo. Vai passar para a história como um dos melhores presidentes que a Colômbia teve. Transformou este país, nos transformou, nos devolveu nossa liberdade e nossa esperança", disse Santos em um dos últimos debates presidenciais desta semana.
Um dos principais desafios de Santos será normalizar as relações com a vizinha Venezuela, "congeladas" desde julho de 2009. O presidente Hugo Chávez, chamado de "mafioso", ameaçou levar o comércio com o país "a zero" caso Santos ganhasse as eleições.