postado em 21/06/2010 07:49
Três dias depois de anunciar a flexibilização do bloqueio à Faixa de Gaza, o governo de Israel formalizou ontem a decisão, que autoriza o ingresso de todos os ;bens para uso civil;, mantendo a fiscalização marítima para impedir a entrada de armas. Os detalhes foram aprovados pelo Conselho de Ministros de Israel para Assuntos de Segurança em um plano coordenado com o ex-premiê britânico Tony Blair, emissário especial do Quarteto para o Oriente Médio, que reúne a União Europeia, as Nações Unidas, os Estados Unidos e a Rússia.A decisão oficial, que partiu do escritório do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu(1), havia sido parcialmente anunciada na última quinta-feira. A medida foi adotada depois de uma série de pressões internacionais para aliviar o embargo imposto a Gaza, desatada pelo ocorrido com a frota de ajuda multinacional, atacada pelo exército israelense em 31 de maio. Na ocasião, nove civis morreram ; sendo oito turcos e um turco-americano ; e 20 pessoas ficaram feridas.
Apoio
Os Estados Unidos expressaram seu firme apoio às medidas. ;Acreditamos que a implementação da política anunciada hoje (ontem) pelo governo de Israel deve melhorar a vida dos moradores de Gaza, e manteremos nosso apoio à colocação em andamento desse esforço;, afirmou o porta-voz da Casa Branca Robert Gibbs. O Quarteto também saudou a decisão. ;É evidente que ainda há questões a serem solucionadas e que o teste não será feito sobre o dito e, sim, sobre o que será feito;, assinalou em um comunicado.
Já o movimento islamita Hamas ironizou a decisão. ;Essa é outra brincadeira que Israel apresenta a nós e ao mundo;, reforçou o ministro da Economia do governo de Gaza islamita, Ziad Zaza. O ministro disse, ainda, que Israel deve colocar fim ao bloqueio de uma vez por todas, além de reabrir todas as passagens comerciais em direção a Gaza. Por outro lado, um alto representante da Autoridade Nacional Palestina (ANP) considerou a decisão israelense como ;um bom passo adiante;, porém, ainda ;insuficiente;.
A flexibilização do bloqueio prevê que todas as mercadorias civis que não estejam em uma lista de produtos proibidos ; armas, material militar ou equipamentos suscetíveis de serem utilizados com fins bélicos ; possam entrar em Gaza. De acordo com um comunicado divulgado pelo governo, Israel autorizará a entrada de quantidades maiores de materiais de construção, mas somente para projetos aprovados pela Autoridade Palestina do presidente Mahmud Abbas, como escolas, centros médicos ou unidades de purificação de água. As restrições têm como objetivo impedir que o Hamas utilize o cimento para construir bunkers ou tubos para fabricar foguetes.
Israel comprometeu-se a aumentar a atividade nos pontos de passagem entre o país e a Faixa de Gaza para ampliar a passagem de mercadorias pela via terrestre. Assinalou, de qualquer forma, que continuará obrigando todos os barcos com destino a Gaza a fazer uma escala no posto israelense de Ashdod para inspecionar suas cargas, mantendo assim o bloqueio naval ao enclave palestino.
1 - Encontro na Casa Branca
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, receberá o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no próximo dia 6, na Casa Branca. O anúncio foi feito pelo chefe de gabinete da Presidência norte-americana, Rahm Emmanuel, ontem, durante entrevista ao canal ABC. ;Será a quinta visita do primeiro-ministro à Casa Branca para tratar de um conjunto de assuntos referentes ao processo de paz, à segurança do Estado de Israel e outras questões vinculadas àquela região;, afirmou.