Agência France-Presse
postado em 21/06/2010 11:07
Os poloneses elegerão seu futuro presidente no próximo dia 4 de julho entre o liberal Bronislaw Komorowski e o conservador Jaroslaw Kaczynski, que no domingo conseguiram os dois primeiros lugares do primeiro turno da eleição, segundo resultados quase definitivos divulgados nesta segunda-feira.Com 94,3% dos votos, o presidente interino Bronislaw Komorowski, de 58 anos, do Partido Pró-europeu Plataforma Cívica (PO) obtinha 41,22% dos votos, contra 36,74% para Jaroslaw Kaczynski, chefe do partido nacionalista Direito e Justiça (PiS), de 61 anos, e irmão gêmeo do chefe de Estado falecido em abril em um acidente aéreo.
O candidato da esquerda, o social-democrata Grzegorz Napieralski, surpreendeu ao obter 13,7% dos votos.
O resultado no segundo turno depende em grande parte da opção que os eleitores de esquerda farão, assim como do índice de participação, que no primeiro turno chegou a 54,85%, segundo a Comissão Eleitoral Nacional.
"A vida é como o futebol, e em todas as vertentes esportivas, o tempo adicional é o mais difícil", declarou Komorowski.
"A chave da vitória é a fé, a convicção de que é possível e necessário ganhar", declarou seu adversário.
Napieralski se limitou a agradecer a seus eleitores, sem indicar qual dos dois candidatos apoiará.
Segundo as pesquisas, 66,5% de seus eleitores estão dispostos a votar em Komorowski no segundo turno, contra quase 30% em Kaczynski.
Por seu lado, o candidato da direita católica Marek Jurek, que obteve 1,04% dos votos, já anunciou que apoiará Kaczynski.
"O cenário de 2005 se repete. No primeiro turno da eleição presidencial, o candidato liberal Donald Tusk superou por 3 pontos Lech Kaczynski", o falecido irmão de Jaroslaw, declarou à AFP Pawel Poncyliusz, porta-voz de Kaczynski. "Todo mundo sabe o que aconteceu no segundo turno: Lech Kaczynski venceu", acrescentou.
Komorowski é o atual presidente da Câmara Baixa do Parlamento e chefe de Estado interino desde a morte de Lech Kaczynski num acidente de avião em Smolensk, oeste da Rússia, no qual também morreram sua esposa e outros 94 passageiros.
A eleição presidencial foi fortemente marcada por essa tragédia, assim como pelas recentes inundações que devastaram o sul do país.
Nessa sucessão de infelicidades, os símbolos se converteram em elementos essenciais das campanhas eleitorais, comentou para a AFP Eryk Mistewicz, especialista em marketing político.
No seu entender, os termos "Polônia", "patriotismo" ou "família" estão muito presentes nos discursos dos dois principais candidatos.
Conhecido por sua retórica virulenta contra os adversários, Kaczynski esforçou-se para manter uma linguagem mais moderada durante a campanha eleitoral.
Em luto pela morte de seu irmão gêmeo, o candidato conservador faz um apelo ao consenso, assim como o adversário. Também usou palavras de apreço para com a Rússia e a Alemanha, o que representa uma viravolta em seu discurso anterior, mais hostil contra ambas as potências, e durante seu mandato como primeiro-ministro, de 2006 a 2007.
Komorowski também tem evitado atacar frontalmente o principal adversário.
No entanto, na opinião pública, as divisões entre os simpatizantes do partido liberal PO no poder e os da oposição conservadora do PiS são muito visíveis e se exacerbaram, segundo os analistas.
"Essas divisões sempre existiram, mas a tragédia de Smolensk fez com que explodissem emoções até agora contidas", considera Wnuk-Lipinski.
"Com um racha, a Polônia não sairá nem mais forte nem mais patriótica, mas profundamente dividida", advertiu recentemente Wlodzimierz Cimoszewicz, ex-primeiro-ministro de esquerda que apoia Komorowski.