Agência France-Presse
postado em 21/06/2010 13:04
A flexibilização do bloqueio da Faixa de Gaza, objeto de detabes em Israel, com o premier Benjamin Netanyahu vendo nele "a melhor decisão possível", chocava-se com a exigência palestina de seu levantamento total.O anúncio israelense responde às pressões internacionais para aliviar o cerco imposto ao enclave palestino, após o ataque a uma frota de ajuda multinacional por parte do exército israelense em 31 de maio. Na operação, nove civis morreram - sendo oito cidadãos turcos e um turco-americano -, o que motivou uma onda de indignação e protestos em todo o mundo.
"A decisão do gabinete de levantar o bloqueio civil na Faixa de Gaza e de reforçar o bloqueio foi aprovada em coordenação com os Estados Unidos, o representante do Quarteto para o Oriente Médio, Tony Blair, e outros chefes de governo", explicou Netanyahu durante uma intervenção ante a comissão de Defesa e Relações Exteriores do parlamento.
"É a melhor decisão que Israel poderia ter tomado, já que priva o Hamas de seu principal argumento de propaganda e nos permite, assim como a nossos amigos no mundo, nos concentrarmos em torno de nossas justificadas reivindicações em termos de segurança", acrescentou Netanyahu.
O ministro do Meio Ambiente, Gilad Erdan, ligado ao primeiro-ministro, levantou um panorama negativo do bloqueio, imposto após a captura, em junho de 2006, de um soldado israelense, ainda detido em Gaza. Teria reforçado a tomada de controle do território pelo movimento palestino Hamas um ano mais tarde.
"O bloqueio causou desgastes para nós: não permitiu desestabilizar o poder do Hamas ou acelerar a libertação de Gilad Shalit", lamentou Erdan. "Não se deve agarrar-se a princípios que não levam a nada e pelos quais é preciso pagar".
O vice-ministro israelense da Defesa, Matan Vilna;, estimou que a decisão vai "ajudar indiretamente o Hamas a reforçar seu poder".
"Tudo o que entra em Gaza passa pelo controle do Hamas que realiza como lhe parece melhor a distribuição" de mercadorias, lamentou.
Vários caminhões descarregaram no ponto de passagem de Kerem Shalom, e uma porta-voz militar israelense afirmou que até 120 carregamentos poderiam passar diariamente.
Nem a Autoridade Palestina nem o Hamas ficaram satisfeitos com as medidas.
O presidente Mahmoud Abbas exige o levantamento total do bloqueio. "É preciso fazer de tudo para aliviar os sofrimentos dos moradores da Faixa de Gaza", comentou seu porta-voz Nabil Abou Roudeina.
O Hamas denunciou, por sua vez "uma decisão sem sentido".
"Não queremos um aumento da quantidade de mercadorias que entram em Gaza, mas o levantamento total e verdadeiro do bloqueio, aí compreendida a abertura de todos os pontos de passagem, a garantia de liberdade de movimento dos moradores e a entrada de todos os bens, em particular equipamentos industriais e materiais de construção", declarou o porta-voz Sami Abou Zouhri.
Israel anunciou, domingo, que deixaria passar, a partir de agora, todos os bens que não figuram numa lista de produtos proibidos, compreendendo armas e material suscetível de utilização com objetivos militares, principalmente para a construção civil. Até então, apenas as mercadorias explicitamente mencionadas numa lista de centenas de artigos eram autorizadas.
O Egito, na fronteira da Faixa de Gaza, viu nesta decisão "uma simples etapa", destacando "a importância de se autorizar a liberdade de movimento não apenas para as mercadorias que entram em Gaza, mas também para as que saem".