Agência France-Presse
postado em 22/06/2010 17:00
Havana - As autoridades cubanas deixaram nesta terça-feira em liberdade condicional o médico opositor Darsi Ferrer depois de condená-lo a um ano e três meses de prisão sob a acusação de atividades ilegais e agressão, informaram os familiares.
Ferrer, de 40 anos, esteve preso sem julgamento desde julho de 2009 na penitenciária de Valle Grande, oeste de Havana, pelo que já cumpriu a maior parte da pena; o restante será em liberdade condicional, explicaram a esposa Yusnaimy Jorge e testemunhas.
"Deixaram-no em liberdade. Espero que saia hoje mesmo. Está bem animado, foi um julgamento tenso. Sempre deram o matiz que queriam, ou seja, julgá-lo como um criminoso comum", afirmou ela.
Seu marido havia sido detido no dia 21 de julho de 2009 sob a acusação de compra ilegal de material de construção, e de atentar contra um vizinho que fez a denúncia, durante revista policial em sua casa.
"Só queríamos reparar nossa humilde casa. Ele era inocente", declarou a mulher à imprensa internacional.
Ferrer, declarado prisioneiro de conciência pela Anistia Internacional (AI), argumentou que os sacos de cimento e as vigas de ferro apreendidos pela polícia haviam sido cedidos por um amigo.
Ferrer realizou greve de fome de três semanas, em abril passado, para pedir "um julgamento justo" e atendimento médico, protesto este que levantou quando as autoridades atenderam a suas demanas.
Diplomatas da Suécia - que então presidia a União Europeia -, Alemanha, Grã-Bretanha, Hungria, e Polônia visitaram, em agosto de 2009, a família de Ferrer para solidarizar-se.
Ferrer, médico que não exerce a profissão por dedicar-se a atividades opositoras desde 1999, criou e dirige o Centro de Saúde e Direitos Humanos "Juan Bruno Zayas", considerado ilegal.
A Anistia Internacional o incluiu em sua lista de 50 presos de consciência cubanos em fevereiro; em março, o Departamento de Estado americano concedeu a ele o prêmio 'Defensores da Liberdade' de 2009.