Agência France-Presse
postado em 26/06/2010 19:39
TORONTO - Cerca de dez mil pessoas marcharam, este sábado (26/6), em Toronto, para exigir dos países ricos e emergentes do G8 e do G20 medidas sociais contra o desemprego, com o registro de incidentes ao final da passeata.Grande parte dos manifestantes marchou pacificamente, organizados pelos sindicatos, mas grupos de jovens provocaram distúrbios ao fim do protesto, e incendiaram pelo menos dois carros patrulha.
Outros três veículos foram danificados no centro financeiro de Toronto, enquanto o ar se encheu de cheiro de vinagre, com o qual os manifestantes impregnavam seus lenços para tentar neutralizar o gás lacrimogêneo usado pela polícia.
Bombeiros foram chamados para apagar as chamas, mas a situação nas ruas impedia sua passagem.
Lara Garrido Herrero, de 33 anos, contou por telefone à AFP que estava fazendo compras em um shopping center da região, quando ficou trancada em uma loja com outras 200 pessoas por decisão da gerência, que baixou os portões, com medo de incidentes.
Assim como os manifestantes, a polícia de Toronto usou as novas mídias para se comunicar com o público.
"As barreiras não foram retiradas. Falsos rumores", dizia uma mensagem postada no miniblog "twitter".
O Canadá gastou mais de um bilhão de dólares para garantir a segurança das cúpulas do G8 e do G20, com a esperança de evitar graves distúrbios.
Milhares de policiais, parte deles dotados com equipamentos antidistúrbios, foram mobilizados a pé e a cavalo para dissuadir, muitas vezes de forma expeditiva, qualquer concentração.
Helicópteros sobrevoavam a passeata constantemente.
Apesar disso e da chuva que caía regularmente, os manifestantes mais radicais, em grupos de dezenas ou centenas, conseguiram quebrar vitrines e derrubar latas de lixo enquanto avançavam.
"Não foram os trabalhadores do mundo os que causaram a crise financeira", criticou, em discurso, Sid Ryan, da Federação de Trabalhadores de Ontário.
"Não queremos ver como se transfere a riqueza do setor público para o privado", acrescentou.
Os manifestantes proclamavam o direito dos líderes de se reunirem e decidirem sobre a economia mundial, e criticaram o impacto da crise financeira que explodiu em 2008, deixando milhões de desempregados.
"Não queremos que os países do G20 cortem os gastos até que voltem os empregos", declarou Jeff Atkinson, porta-voz do Congresso Trabalhista Canadense, à AFP.
Outra manifestante, Liana Salvador, explicou à AFP que devia 50.000 dólares em créditos que pediu para seus estudos.
"Sou uma estudante comum a quem os pais explicaram que o conhecimento é poder, mas meu governo considera que educar-se é caro", criticou.
Desde 18 de junho, um total de 32 pessoas foram detidas por incidentes relacionados com a cúpula, explicou o sargento Tim Burrows, porta-voz da unidade encarregada da segurança do evento.