Agência France-Presse
postado em 29/06/2010 16:44
Vinte oito anos, cabelos ruivos flamejantes e olhos verdes: uma jovem russa que desembarcou recentemente em Nova York passou em poucas horas de empresária a Mata Hari, fazendo a alegria dos tabloides."Red Head" ("Cabeça Ruiva") é título do New York Post, que publicou uma foto de Anna Chapman, presa na noite de domingo com nove outras pessoas sob acusações de participação em uma rede de espionagem supostamente a favor da Rússia.
Com vestígios da Guerra Fria, o jornal brinca com a cor dos cabelos da suposta espiã e a da bandeira da extinta União Soviética.
Na queixa do FBI, ela é acusada de ter fornecido informações a um dirigente russo com quem teria se encontrado todas as quartas-feiras dos últimos meses em uma livraria do West Village.
[SAIBAMAIS]A jovem mulher compareceu na segunda-feira à tarde ante o Tribunal Federal de Manhattan, onde o juiz James Cott ordenou a manutenção da sua prisão provisória. Usando jeans e camiseta branca, conversando longos minutos em voz baixa com um advogado, Anna Chapman foi levada algemada junto de outros quatro acusados presentes no tribunal.
A cidadã russa de 28 anos mudou para Nova York em fevereiro, vindo de Moscou logo após um divórcio, assegurou o New York Post e um site de informações russo, lifenews.ru.
Em uma entrevista postada no site YouTube, "Anya" Chapman explica ser uma especialista em microempreendimentos e o desejo de desenvolver uma rede de recrutamento de jovens profissionais "nas duas cidades do mundo onde há mais pessoas talentosas, Moscou e Nova York".
No vídeo, que faz parte de uma série intitulada "Escola on-line para pequenas empresas", ela conta que já morou e trabalhou durante muitos anos em Londres, em uma empresa de investimentos. Em Moscou, ela já havia montado e consolidado um site de pesquisas imobiliárias.
Em Nova York, a empresária montou outro negócio, "Time Venture", especializado em "tecnologia, internet, mídia e lazer", precisou. "Eu elaboro estratégias de desenvolvimento mundial de empresas recém-criadas", assegurou.
Diante o tribunal, o valor da sua empresa foi estimado "em torno de 2 milhões de dólares".
O advogado Robert Baum tentou demoradamente convencer o juiz de sua inocência. "Vocês dizem que a rede está sendo vigiada há inúmeras décadas, mas minha cliente nunca colocou os pés nos Estados Unidos antes de 2005, e ela mora aqui há apenas alguns meses com um visto revogado no último sábado", destacou.
"As únicas pessoas para quem ela ligou do seu celular foram seus pais, e quando lhe deram um passaporte falso, ela imediatamente procurou a polícia para entregá-lo e, por isso, a prenderam", argumentou.
O juiz estimou que a partir da leitura da queixa do FBI, "ela dificilmente poderia ser totalmente inocente" e recusou o pedido da defesa.
Em sua página no site de relacionamentos Facebook, Anna Chapman escreveu: "Se você puder imaginar, pode realizar. Se puder sonhar, pode se transformar".