Agência France-Presse
postado em 30/06/2010 16:01
O Senado dos Estados Unidos aprovou por unanimidade, nesta quarta-feira (30/6), a nomeação do general David Petraeus ao comando da coalizão internacional no Afeganistão.O general Petraeus, ex-comandante das forças americanas no Iraque onde sua estratégia foi coroada de sucesso, foi sabatinado na terça-feira pela comissão de Defesa do Senado, que confirmou por unanimidade seu nome.
Foram 99 votos num total de 100. O único a não votar foi o senador democrata Robert Byrd falecido na segunda-feira.
David Petraeus substituirá o general Stanley McChrystal, afastado na semana passada pelo presidente Barack Obama após a publicação, na imprensa, de um artigo no qual criticava uma boa parte do executivo americano.
Ante a comissão, na terça-feira, o general Petraeus procurou tranquilizar sobre o curso de uma guerra mais e mais impopular, admitindo, no entanto, esperar ainda rudes combates nos próximos meses.
"Observamos progressos em alguns domínios em meio ao difícil combate em curso no Afeganistão", declarou o general.
Ele também prometeu às tropas da Otan rever a aplicação de regras que restringem o recurso ao apoio aéreo, para proteger civis, mas que se tornam de mais risco para os soldados, que sofreram, em junho, as perdas mais pesadas desde o início do conflito com cem mortos em menos de um mês.
O general Petraeus endossou a data do início da retirada das tropas americanas em julho de 2011, decidida pelo presidente Obama, lembrando, no entanto, que serão necessários "alguns anos antes que as forças afegãs possam assumir a segurança do Afeganistão".
As principais preocupações levantadas pelos senadores nos últimos dias estavam relacionadas, justamente a esse último ponto.
O Senador republicano John McCain, adversário de Barack Obama às presidenciais de 2008, repetiu nesta quanta-feira no Senado que a data de julho de 2011 era "não apenas prejudicial, mas irrealista". Afirmou, no entanto, que o general contava com "seu inteiro apoio".
[SAIBAMAIS]O senador democrata antiguerra Russ Feingold criticou por sua vez a atual estratégia do presidente Obama, qualificando-a de "contreproducente". Ao contrário de McCain, fez um apelo a uma verdadeira agenda de retirada das tropas americanas.
O ministro britânico da Defesa, Liam Fox, que falou nesta quarta-feira na organização Heritage Foundation em Washington, qualificou por sua vez o general Petraeus de um "chefe capaz". Londres é parceiro de importância crucial dos Estados Unidos no Afeganistão.
David Petraeus também afirmou que procuraria obter no Afeganistão uma "unidade de esforços" entre civis e militares, lembrando ter colaborado "muito estreitamente" com o embaixador no Iraque quando comandava as forças americanas.
O embaixador americano no Afeganistão, Karl Eikenberry, e o general Stanley McChrystal divergiram no ano passado sobre o envio de reforços finalmente autorizados por Barack Obama.
O chefe do Estado Maior paquistanês felicitou-se nesta quarta-feria com a nomeação de David Petraeus. O general Ashfaq Parvez Kayani declarou que "a experiência e a competência (do general Petraeus) em condições semelhantes seriam apreciadas numa situação complexa".