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General francês critica a estratégia americana no Afeganistão

Agência France-Presse
postado em 01/07/2010 19:37
O general francês Vincent Desportes emitiu abertamente dúvidas sobre a estratégia americana no Afeganistão que, segundo ele, "não parece funcionar".

Em entrevista publicada na edição desta sexta-feira do jornal Le Monde, afirma que "a situação nunca esteve pior".

O general dirige a instituição encarregada de formar a elite militar francesa, o CID (Coll;ge Interarmées de Défense), recordando que o mês de junho foi um dos mais mortíferos para a coalizão internacional desde o início das operações no Afeganistão, em 2001.

Para Vincent Desportes, "a doutrina da contrainsurgência tradicional, tal como impulsionou (o comandante das forças americanas e aliadas, recentemente destituído pelo presidente dos Estados Unidos, Stanley) McChrystal há um ano, com uso limitado da autorização de fogo, dos meios aéreos e da artilharia para reduzir os danos colaterais, não parece funcionar".

"Se a doutrina McChrystal não funciona ou se não é mais aceita, a estratégia terá que ser revista" e "provavelmente isto vai atrasar a data de retirada do Afeganistão", continuou. O presidente Barack Obama prevê o regresso dos primeiros soldados americanos aos Estados Unidos em julho de 2011.

"O caso McChrystal revelou uma fraqueza", disse o general Desportes afirmando que Barack Obama poderia ter-se contentado em "repreender seu comandante militar, reenviando-o ao combate, como fez Roosevelt com o general Patton, que foi obrigado a se desculpar por ter esbofeteado um soldado".

"Tudo isso parece mostrar que o presidente (americano) não está muito certo dos resultados das próximas eleições", analisa, recordando que Obama já havia destituído o general David McKiernan, predecessor de Stanley McChrystal.

O general Desportes critica a decisão de Barack Obama de enviar 30.000 soldados americanos para reforçar o contingente no Afeganistão, como foi anunciado em dezembro. "Todo o mundo sabia que devia ser nenhum ou 100.000 a mais", acrescentando: "não se faz guerra pela metade".

Cerca de 130.000 soldados estrangeiros, dois terços deles compostos pelas forças americanas, estão mobilizados no Afeganistão. A França participa da coalizão internacional contra os talibãs com 3.750 soldados.

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