Agência France-Presse
postado em 05/07/2010 16:13
O ex-ditador argentino Jorge Videla foi acusado nesta segunda-feira (5/7) de liderar um plano de extermínio de opositores durante a última ditadura (1976-1983), em um julgamento oral na província de Córdoba pelo fusilamento de 31 presos políticos, constatou um jornalista da AFP.Videla, 84 anos, foi acusado como máxima autoridade do governo de fato que implementou um "plano clandestino de extermínio de dissidentes políticos", por "imposição de tormentos agravados, tormentos seguidos de morte e homicídio qualificado", leu um membro do tribunal.
"Nenhuma", respondeu Videla ao ser questionado sobre sua renda, no início da segunda sessão do julgamento oral nesta segunda-feira, que levou o ex-ditador pela primeira vez ao banco dos réus desde 1985, quando foi condenado à prisão perpétua no histórico julgamento das juntas militares.
Espera-se que antes de a audiência terminar nesta segunda-feira, Videla pronuncie suas alegações.
O atual processo investiga o fusilamento de 31 presos políticos em cadeias de Córdoba (centro) em 1976, a maioria executada durante traslados autorizados por um juiz, em meio a falsas tentativas de fuga, plantadas para justificar os assassinatos, segundo o processo.
Seis dos envolvidos são acusados também do sequestro e tortura de outras seis vítimas em Córdoba.
Também irá depor o ex-chefe militar Luciano Benjamín Menéndez, que em julgamentos recentes foi condenado à prisão perpétua em duas ocasiões por crimes de lesa-humanidade.
Videla foi indultado em 1990 pelo então presidente Carlos Menem (1989-1999), cinco anos depois do julgamento das juntas militares.
Em 1998, foi processado por roubo de bebês (crime não afetado pelo indulto) e três anos mais tarde por sua responsabilidade no Plano Côndor, de coorderação repressiva das ditaduras sul-americanas nos anos 1970 e 1980.
Depois da anulação em 2003 da lei da anistia, somou outras imputações.
As audiências ocorrem nos tribunais de Córdoba e se estenderão até o fim do ano. Em torno de 60 testemunhas devem dar seus depoimentos.