Agência France-Presse
postado em 05/07/2010 18:16
Israel autorizou nesta segunda-feira (5/7) o acesso a Gaza de bens de construção destinados a projetos da comunidade internacional aprovados pela Autoridade Palestina - uma iniciativa saudada pelos atores internacionais e as ONGs que aguardavam essa resposta.O Ministério das Relações Exteriores israelense publicou duas listas de produtos cujo acesso será controlado, de acordo com o compromisso assumido no dia 20 de junho pelo governo israelense de facilitar a entrada, em território palestino, de "bens destinados a uso civil".
Segundo o ministério, todos os produtos que não "figuram em nenhuma das duas listas terão seu encaminhamento autorizado, sem permissão específica de Gaza" - um território pobre e superpovoado, controlado por islamitas palestinos do Hamas e que possui mais de 80% da população dependente da ajuda externa.
A primeira lista, de "produtos submetidos a uma autorização específica", diz respeito a armas e munições - suscetíveis de serem utilizados com objetivos militares, assim como produtos químicos, adubos.
A segunda lista enumera diversas categorias de cimento, areia, aço, ferro, asfalto, assim como alguns tipos de veículos e de madeiras de construção. "Embora tais artigos possam ser utilizados pelo Hamas com objetivos militares (construção de bunkers, fortificação de posições e abertura de túneis), Israel permitirá sua entrada, a fim de facilitar projetos de construção aprovados pela Autoridade Palestina e executados pela comunidade internacional", diz o comunicado do ministério.
Até o momento, Israel autorizava a conta-gotas o encaminhamento desses materiais destinados a projetos supervisionados pelas agências internacionais.
O Hamas criticou a iniciativa israelense. "Trata-se de manobra visando a enganar a opinião pública. O que é preciso é pôr um ponto final completo e sem restrições ao cerco de Gaza", declarou à AFP Isma;l Radwane, um dirigente do movimento, em Gaza.
Mas a Casa Branca felicitou-se com a decisão israelense, descrevendo-a como "etapa importante" em relação ao alívio do bloqueio de Gaza realizado há quatro anos, o mesmo acontecendo com a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, que falou "de um novo passo significativo".
Segundo o emissário do Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, União Europeia, Rússia, ONU), Tony Blair, "milhares de produtos que não estavam disponíveis pelos canais legais deverão entrar, agora. Isso criará um contrapeso à economia dos túneis, que estava sob o controle do Hamas", acrescentou em comunicado.
Blair e o coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Robert Serry, assim como algumas ONGs, pediram a Israel facilitar também a circulação de pessoas e as exportações.
Israel anunciou o alívio do bloqueio em meio a intensas pressões internacionais, após a morte de nove turcos durante intervenção de sua marinha no dia 31 de maio contra uma flotilha de ajuda internacional que tentava chegar a Gaza.