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Moratinos prevê "sucesso" na visita que faz a Cuba para tentar libertação de presos

Agência France-Presse
postado em 06/07/2010 17:46
O chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, declarou-se nesta terça-feira (6/7) "convencido" dos resultados "positivos" da visita de dois dias que faz a Cuba, para tentar a libertação de presos políticos e o levantamento da greve de fome realizada pelo dissidente Guillermo Fariñas.

Moratinos, que chegou na noite de segunda-feira a Havana, encontrou-se com o ministro Bruno Rodríguez, das Relações Exteriores, e se reunirá depois com o cardeal Jaime Ortega. É também possível que seja recebido pelo presidente Raúl Castro, como aconteceu em sua visita anterior, em outubro de 2009. "Estou certo de que meus dias aqui serão positivos, marcados pelo sucesso, tanto para Cuba como para Espanha, e que logicamente nossos parceiros europeus vão considerá-la satisfatória", aceitando normalizar as relações com Havana, disse Moratinos.

O chanceler espanhol está em Cuba para apoiar a mediação da Igreja que busca a libertação de presos políticos e o fim da greve de fome do dissidente Guillermo Fariñas, que corre risco de morte depois de 131 dias de jejum.

A viagem desperta novas expectativas de libertações em meio a um lento processo que, como primeiro fruto de um encontro de Raul Castro e Ortega em 19 de maio, trouxe até agora a libertação do preso político mais doente, Ariel Sigler, e o traslado de outros 12 a prisões situadas em localidades onde vivem suas famílias.

A visita ocorre no momento de um agravamento da saúde de Fariñas, um jornalista de 48 anos, que iniciou em 24 de fevereiro uma greve de fome para exigir a libertação de 26 presos políticos doentes - o jejum começou um dia depois da morte do preso opositor Orlando Zapata, após 85 dias de greve de fome.

Em um incomum informe do jornal oficial Granma, Cuba advertiu no sábado que Fariñas está "em perigo potencial de morte" devido a um coágulo na jugular, apesar de os médicos do Estado estarem fazendo "tudo" para salvá-lo, com tratamento de última geração no hospital da cidade de Santa Clara, onde está internado desde 11 de março.

Segundo o chanceler espanhol, os bons resultados de sua visita "permitirão trabalhar para levantar definitivamente" a Posição Comum, que desde 1996 submete as relações da União Europeia (UE) com Cuba a avanços nos direitos humanos. "Chegou o momento (...) de superar a Posição Comum", disse Moratinos defendendo o diálogo para a cooperação.

O ministro Rodríguez reiterou que essa política é "injusta, unilateral, além de representar um obstáculo insuperável" para a normalização das relações com a UE, afetadas pela detenção de 75 opositores em 2003, dos quais 53 ainda estão na prisão.

A imprensa espanhola menciona que França e Espanha receberiam os presos políticos, enquanto que o Chile se declarou oficialmente disposto a fazê-lo.

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