Agência France-Presse
postado em 07/07/2010 15:17
O Irã reconheceu, pela primeira vez, que as novas sanções impostas pela comunidade internacional poderão frear seu programa nuclear polêmico, aí compreendidas as atividades de enriquecimento de urânio, mas que isso não o deteria.As declarações foram feitas pelo chefe da Organização de Energia Atômica iraniana (OIEA), Ali Akbar Salehi, durante visita à cidade portuária de Bushehr, onde uma central nuclear construída por russos deve tornar-se operacional ainda este ano, depois de muito atraso.
"Não podemos dizer que as sanções não têm efeitos", declarou a jornalistas.
"As sanções têm por objetivo impedir as atividades nucleares do Irã, mas nós dizemos que elas podem prejudicar o trabalho, mas não detê-lo. Isso é certo", afirmou.
O Irã é acusado por parte da comunidade internacional, Estados Unidos e Israel em particular, de conduzir um programa nuclear com fins militares - o que o país nega.
Até o momento, os dirigentes iranianos afirmavam que a resolução não teria nenhum impacto em seu programa. O presidente Mahmoud Ahmadinejad chegou a afirmar que as novas sanções da ONU não tinham valor e não teriam "qualquer efeito sobre o Irã".
No dia 9 de junho, o Conselho de Segurança da ONU votou uma quarta série de sanções financeiras e militares contra o Irã que se recusa a suspender as atividades nucleares sensíveis, principalmente o enriquecimento de urânio.
Essas sanções foram seguidas de outras impostas unilateralmente pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
O presidente americano Barack Obama promulgou no dia 1; de julho uma nova série de sanções contra o país, as mais duras tomadas pelos EUA até hoje. Essas medidas punitivas visam a atrapalhar o fornecimento de gasolina, querosene e outros produtos energéticos refinados ao Irã, que não possui capacidade de produzi-los.
Na terça-feira, Obama, depois de encontrar com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, disse querer manter a pressão sobre Teerã.
A UE, por sua vez, decidiu adotar sanções visando a interdições de novos investimentos, transferência de tecnologia, equipamentos e serviços no setor de energia, em particular, associados a técnicas de refino do petróleo e de liquefação de gás.
Salehi, um dos múltiplos vice-presidentes iranianos, afirmou que as sanções não afetariam o trabalho nas centrais nucleares como a de Bushehr, mas poderiam ter impacto sobre o programa de enriquecimento de urânio.
"O sítio de Bushehr não foi afetado e os dirigentes russos sempre dizem que as sanções não visam a esse local", declarou.
Salehi ainda afirmou que a central de Bushehr começará a operar em setembro. "A espera de 37 anos para lançar essa central chegou ao fim (...) Nós assistiremos à inauguração durante o mês iraniano de Shahrivar (equivalente a setembro)".