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EUA e Rússia podem voltar a trocar espiões como na Guerra Fria

Agência France-Presse
postado em 08/07/2010 13:38
A possibilidade de uma troca de espiões entre a Rússia e os Estados Unidos, como era tão comum nos tempos da Guerra Fria, foi mencionada como a forma para resolver o caso de espionagem que complica as relações russo-americanas, segundo a imprensa russa.

"Um encontro entre o embaixador da Rússia em Washington, Serguei Kisliak, e o vice-secretário de Estado americano, William Burns, terminou com resultados: as duas partes entraram em acordo para uma troca de espiões", escreveu o jornal online Gazeta.ru, citando "uma fonte ligada a círculos diplomáticos".

O jornal assegurou, por outro lado, que Anna Chapman, de 28 anos, uma das dez pessoas detidas no fim de junho nos Estados Unidos, chegaria "incógnita" a Moscou na noite de quinta-feira. Ela é acusada, assim como os demais, de ser um agente dos serviços exteriores de inteligência russos (SVR).

A jovem ruiva foi capa da imprensa internacional quando seu ex-marido britânico revelou detalhes e fotos íntimas de quando eram casados. O Gazeta.ru destacou que Moscou não fará comentários oficiais sobre o intercâmbio, nem publicará nenhuma lista com nomes.

Os suspeitos comparecerão às 14h45 locais (15h45 de Brasília), em Nova York, para a leitura da ata de acusação.

Os dez supostos agentes e um 11; que se encontra foragido foram acusados pela promotoria de Nova York de "ter conspirado como agentes secretos nos Estados Unidos por conta da Federação da Rússia", e nove deles também por "lavagem de dinheiro".

Seu eventual retorno à Rússia no âmbito de uma troca veio à tona pela primeira vez na quarta-feira, mencionado pela advogada e pela família de Igor Sutiaguin, especialista em armamentos detido por espionagem para os americanos desde 2004.

Alguns advogados dos supostos espiões russos nos Estados Unidos disseram ao New York Times que esta solução seria viável a partir desta quinta-feira.

O jornal Kommersant, citando fontes dos serviços russos, destacou esta quinta que pelo menos outros três russos condenados por espionar para Washington e Londres poderiam se beneficiar do acordo, junto com Sutiaguin.

Trata-se de dois ex-agentes dos serviços secretos russos, acusados de ter trabalhado para a CIA: Alexandre Sypatchev, condenado em 2002 a oito anos de prisão, e Alexandre Zaporojski, que desde 2003 cumpre pena de 18 anos de prisão.

O terceiro seria o ex-coronel de inteligência militar russa (GRU) Serguei Skripal, condenado em 2006 a 13 anos de prisão por espionagem por conta da Grã-Bretanha.

"A partir de hoje deveriam ser transferidos a Viena e dali para Grã-Bretanha e outros países. Hoje mesmo, os espiões desmascarados nos Estados Unidos poderiam ser enviados à Rússia", destacou o jornal, sem citar fontes.

Segundo seus familiares, Sutiaguin já foi transferido a Moscou do local onde cupre pena, na região de Arjanguelsk (norte). Este especialista em armas, que sempre clamou inocência, assinou uma confissão para poder ser libertado.

Durante a Guerra Fria, Ocidente e Oriente faziam trocas de espiões, sobretudo na ponte de Glienicke, que as duas Alemanhas.

A imprensa russa destacou que tanto para os americanos quanto para os russos, este método é a melhor forma de resolver o escândalo, em um momento em que os presidentes Dimitri Medvedev e Barack Obama consideram prioritário reativar suas relações.

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