Agência France-Presse
postado em 08/07/2010 13:44
Ao menos 70 pessoas morreram desde terça-feira (8/7), em Bagdá, em uma série de atentados contra peregrinos que comemoram nesta semana a morte do imã Musa Kazim, uma das celebrações mais importantes do islã xiita, informaram fontes próximas aos serviços de segurança.Estes ataques contra peregrinos, que deixaram mais de 400 mortos, acontecem num contexto de bloqueio político no Iraque, onde a quatro meses das eleições legislativas, os partidos políticos não chegaram a nenhum acordo para nomear o próximo primeiro-ministro nem para a formação do novo governo.
Nesta quinta, um pouco antes do amanhecer, uma bomba explodiu no bairro de Baab Al Muazam (norte da capital), matando quatro pessoas e ferindo 46. Outra bomba que explodiu ao mesmo tempo deixou três mortos e 31 feridos em Machtal (sudeste), segundo o ministério do Interior.
Horas depois, um atentado com carro-bomba deixou um morto e dez feridos no bairro de Al Alaam (oeste). Uma mulher morreu e quatro pessoas ficaram feridas por uma bomba em Zafaraniya (sul).
Na véspera, pelo menos 39 pessoas morreram e 144 ficaram feridas numa série de atentados contra fiéis que realizavam uma importante peregrinação xiita em Bagdá.
O maior ataque ocorreu na região sunita de Azamiya (norte), por onde passavam inúmeros peregrinos em direção ao mausoléu do imã Moussa Kazim, na região vizinha de Kazimiya, local de uma peregrinação anual da comunidade xiita.
Ao menos 28 peregrinos morreram e 63 ficaram feridos quando um camicase ativou no meio da multidão seu colete de explosivos por volta das 19h45 (13h45, horário de Brasília), segundo um dirigente do Ministério do Interior.
Bombas artesanais também explodiram nas regiões de al-Jadida e Foudailia, no leste da capital, deixando um total de 11 mortes e 63 feridos, informou por sua vez um policial sem dar detalhes sobre esses ataques.
Mais cedo, um ataque foi impedido pelo exército nas proximidades de Abou Ghraib, a 20 km ao oeste de Bagdá. Militares abriram fogo contra um veículo que se recusou a parar e o motorista fez explodir seu próprio carro, ferindo quatro soldados.
Milhares de fiéis se reuniram nesta quarta-feira em Bagdá para prestar homenagens a Moussa Kazim, o sétimo dos doze imãs venerados pelos xiitas, envenenado na prisão em 799 sob ordens do califa Haroun al-Rachid, segundo a tradição xiita.
As celebrações, cercadas por um imponente esquema de segurança, acontecem na noite desta quarta.
Inúmeras ruas da capital foram fechadas e a circulação de carros foi interrompida desde terça-feira em vários pontos ao longo do rio Tigre, agravando ainda mais os engarrafamentos em uma cidade cercada por muros de concreto e barreiras de segurança.
Inúmeras tendas foram instaladas nas avenidas para oferecer água, comida e um pouco de sombra para os fiéis que caminham sob um sol forte até o mausoléu.
Os xiitas, maioria no Iraque, são alvos privilegiados dos grupos armados sunitas. Em abril de 2009, duas mulheres camicases ativaram seus coletes com explosivos bem perto do mausoléu, matando 65 pessoas, 20 peregrinos iranianos, e ferindo outros 120.
A peregrinação sofreu, em agosto de 2005, as mortes de pelo menos 965 peregrinos pisoteados em um tumulto, perto das regiões de Azamiya e Kazimiya, por causa de um boato sobre a presença de um camicaze.