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Argentina condena repressor da ditadura militar à prisão perpétua

postado em 08/07/2010 18:30
Buenos Aires - Um dia antes das comemorações oficiais pelos 194 anos de independência da Argentina, um Tribunal Federal da cidade de Tucumán condenou à prisão perpétua o ex-chefe do 3; Batalhão do Exército, Luciano Benjamín Menéndez, por crimes de lesa-humanidade cometidos durante a ditadura militar, que durou de 1976 a 1983. Tucumán é a mesma cidade que centralizará nesta quinta-feira (9/7) as mais importantes celebrações pela data nacional argentina, com a presença da presidente Cristina Kirchner e integrantes do governo.

Os juizes atribuíram a Menéndez a responsabilidade pela tortura seguida de morte de 19 pessoas, além da violação de domicílios, prisão ilegal e tortura de 17 argentinos. O ex-oficial do Exército será transferido para a cidade de Córdoba, onde aguardará julgamento por outras acusações e onde já está cumprindo prisão preventiva devido a uma condenação anterior.

No último dia 5, o ex-presidente argentino Jorge Rafael Videla, que governou o país de 1976 a 1981 e que também está sendo julgado por crimes durante a ditadura, assumiu a responsabilidade pelos atos referentes à repressão. Numa atitude surpreendente, Videla afirmou perante os juízes que assumia plenamente suas responsabilidades "em todas as ações tomadas pelos militares do Exército argentino na guerra contra os rebeldes", disse ele. ;Os subordinados se limitaram a cumprir minhas ordens".

O julgamento de Videla, que ainda não terminou, ocorre em Córdoba. Há 25 anos, a Câmara Federal de Buenos Aires havia condenado Videla à prisão perpétua. O ex-general, agora com 84 anos de idade, esteve preso entre 1985 e 1990, quando foi anistiado pelo então presidente Carlos Menem.

No julgamento de hoje, em Tucumán, também foi condenado à prisão perpétua o ex-policial Roberto Heriberto Albornoz. Ele foi considerado culpado por crimes de lesa-humanidade contra 22 pessoas que estiveram detidas na chefatura de polícia da cidade.

Amanhã, um desfile cívico-militar em Tucumán reunirá integrantes das Forças Armadas e entidades sociais argentinas, abrindo as celebrações pelo dia da Independência. No último dia 25 de maio, os argentinos comemoraram o Bicentenário da República, que lembrou o começo de uma série de revoltas contra a ocupação espanhola, encerrada formalmente no dia 9 de julho de 1816, quando representantes das diversas províncias do país assinaram em Tucumán a declaração da independência. Desde então, as províncias argentinas começaram longo e difícil processo de unificação de suas forças políticas. Somente em 1826 surgiu a Constituição que declarou formalmente a existência da nação argentina.

Hoje, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, enviou carta ao governo argentino dizendo que "comemorando em família e com amigos, em Tucumán e em todo o país, os argentinos podem sentir-se orgulhosos de tudo que o país conquistou. Os Estados Unidos unem-se à Argentina para honrar o seu espírito de liberdade, diversidade, justiça e respeito pelos direitos humanos".

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