Agência France-Presse
postado em 08/07/2010 19:25
A sonda europeia Rosetta prepara-se para encontrar, no sábado, o asteroide Lutetia, que está entre as órbitas de Marte e Júpiter. O voo pode render informações esclarecedoras sobre a formação dos planetas do Sistema Solar.Rosetta, lançada em 2004 para se encontrar com um cometa em 2014, já havia feito em 2008 a primeira incursão no principal Cinturão de Asteroides, que reúne milhares de rochas de formas e tamanhos diferentes.
No sábado, por volta das 12h45 no horário de Brasília, a sonda vai se aproximar do Lutetia e tirar fotos dele por duas horas; o asteroide é um corpo maciço de mais de 100 quilômetros de diâmetro, precisou Gerhard Schwehm, diretor da missão da Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês).
"É uma grande chance poder observar o corpo primitivo que constitui o asteroide", comemora, já que se trata de uma testemunha do passado do Sistema Solar.
Rosetta ficará a cerca de 3.200 km da superfície do Lutetia para tê-lo integralmente em seu campo de visão. Em 2008, a sonda conseguiu ficar a 800 km de um asteroide menor, o Steins, de 6 km de comprimento.
Lutetia está a 450 milhões de quilômetros da Terra, e será necessário mais de meia hora para que os primeiros sinais da sonda cheguem ao Centro Europeu de Operações Espaciais (ESOC, em inglês), em Darmstadt, na Alemanha.
Os cientistas vão apresentar as primeiras imagens por volta das 18h de sábado, hora de Brasília.
Com velocidade relativa de 54.000 km/h, a missão Rosetta de tirar fotos do asteroide "é como enviar um veículo teleguiado a 100 km/h por uma estrada para fotografar um objeto a seis metros de distância, fixando com um mês de antecedência a hora exata", explica o Centro Aeroespacial Alemão (DLR, em alemão), responsável pelo módulo Philae, que conta com diferentes instrumentos.
O módulo Philae deve tocar em 2014 o núcleo do cometa 67/P Churyumov-Gerasimenko, destino final de Rosetta depois de uma travessia de 7 bilhões de quilômetros que obrigou a sonda a usar a gravidade da Terra e de Marte para ganhar impulso e prosseguir sua viagem cósmica.
As imagens, as medidas do campo magnético e os efeitos gravitacionais do Lutetia devem permitir aos cientistas conhecerem a massa, o tamanho e a composição deste grande asteroide.
Deverá ser classificado entre os asteroides ricos em componentes primitivos à base de carbono ou serão encontrados metais em sua superfície?
"Se Lutetia for um asteroide metálico, é como ganhar na loteria", explicou Rita Schulz, cientista do projeto Rosetta. "Os asteroides do tipo-M são muito raros, nada se sabe deles", destacou Francis Rocard, do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), da França, em alusão aos que têm metais na superfície.
Até agora os asteroides metálicos são considerados fragmentos do núcleo metálico de asteroides mais maciços que se quebraram. Se o Lutetia for de metal ou contiver uma grande quantidade de metais, será necessário rever a classificação dos asteroides", avisa Schulz.
A massa acumulada de asteroides em órbita entre Marte e Júpiter equivale à de um pequeno planeta, explica Francis Rocard. Seria o resultado de um processo inacabado de formação de um planeta há 4,5 bilhões de anos.
Lutetia foi descoberto em 1852 em Paris, tendo sido batizado com o nome latino da capital francesa.