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Espiões começam nova vida na Rússia cercada por mistério

Agência France-Presse
postado em 10/07/2010 16:32
Os 14 espiões protagonistas na sexta-feira (9/7) de uma troca em Viena entre Moscou e Washington, a mais importante desde a Guerra Fria, começavam neste sábado uma nova vida na Rússia ou no Ocidente, mas o mistério sobre sua localização exata permanece.

Os 10 agentes do Kremlim expulsos por Washington estão, segundo informações da imprensa, no quartel-general do serviço de inteligência exterior (SVR) em Moscou, enquanto acredita-se que os quatro deportados russos estão na Grã-Bretanha ou nos Estados Unidos.

Igor Sutiagin, um especialista russo em armas entregue por Moscou, encontra-se em um hotel em algum lugar da Grã-Bretanha, sem visto e ainda com a roupa que utilizava na prisão russa, disse seu irmão Dimitri Sutiagin à AFP neste sábado.

Com Sutiagin, encontra-se outro dos quatro cidadãos russos condenados por espionar para o Ocidente e deportados nesta troca, disse Dimitri, acrescentando que ignora o nome da outra pessoa.

O especialista em armas "ligou para sua esposa e disse que encontrava-se em uma pequena cidade próxima a Londres", informou o irmão.

Igor Sutiagin, detido em 1999 e condenado em 2004 a 15 anos de prisão por ter transmitido informações secretas sobre o sistema de defesa nuclear russo a uma empresa britânica utilizada como fachada pela CIA, não tem, após seu indulto e expulsão, a intenção de pedir asilo político na Grã-Bretanha por enquanto, disse seu irmão.

"Não fará nenhuma declaração sobre sua volta da Rússia nem sobre seu pedido de asilo até que se possa avaliar a situação", indicou Dimitri à rádio Eco de Moscou.

As autoridades britânicas recusaram-se a fazer comentários neste sábado.

A imprensa britânica anunciou que o avião que transportava os quatro russos havia feito uma escala em uma base militar do centro da Grã-Bretanha antes de aterrissar na sexta-feira à noite em Washington.

Segundo a mesma fonte, Sutiagin e Seguei Skripal, um ex-coronel dos serviços de inteligência militares, condenado a 13 anos de prisão por ter trabalhado para os serviços secretos britânicos, desceram do avião na Grã-Bretanha.

Na Rússia, as redes de televisão perderam o interesse nesse caso, preferindo dedicar seu tempo a um tornado que assolou a região de São Petersburgo ou às comemorações dos 60 anos do presidente ucraniano, Victor Ianukovich, e não mencionaram a chegada dos dez espiões.

Segundo o jornal digital gazeta.ru, os espiões foram levados na sexta-feira ao Estado-Maior do serviço secreto exterior (SVR).

"Não comentamos esses acontecimentos", reagiu um porta-voz do SVR ao ser interrogado pela AFP.

O avião que transportava os dez espiões russos chegou na sexta-feira à tarde ao aeroporto de Domodedovo. Ali, os dez subiram em um micro-ônibus e seguiram para um local desconhecido.

A troca de espiões, sem precedentes desde o fim da Guerra Fria, ocorreu na sexta-feira no aeroporto de Viena, um caso que ilustra a vontade de Washington e Moscou de seguir em frente com a "retomada" de suas relações.

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