Agência France-Presse
postado em 11/07/2010 13:08
O governo japonês da coalizão de centro-esquerda perdeu a maioria que possuía neste domingo (11/7), nas eleições para o Senado, privando o primeiro-ministro, Naoto Kan, da estabilidade política de que precisava para sanear a economia do país.A derrota, no entanto, não impedirá o partido Democrata do Japão (PDJ), de Naoto Kan, de manter-se no poder, graças à vitória esmagadora conseguida nas eleições legislativas de agosto de 2009. No entanto, complicará a tarefa do primeiro-ministro, nomeado há apenas um mês, obrigando-o a buscar novas alianças para levar adiante suas reformas fiscais e orçamentárias.
Os japoneses, que foram às urnas para renovar a metade das 242 cadeiras do Senado, quiseram, aparentemente, punir o PDJ depois de comentários de Kan sobre um possível aumento do imposto sobre o consumo, atualmente taxado em 5%.
O primeiro-ministro também paga os erros de seu predecessor, Yukio Hatoyama, que deixou o cargo nove meses apenas depois da posse, devido a sua impopularidade e incapacidade para governar.
Segundo pesquisa de boca de urna realizada pela televisão pública NHK, o PDJ obteria entre 44 e 51 cadeiras, do total de 121 a serem renovadas.
Para manter a maioria, a coalizão formada pelo PDJ e o Novo Partido do Povo (NPP), um pequeno partido nacionalista, teria que conquistar pelo menos 56 cadeiras.
Kan, de 63 anos, é o quinto primeiro-ministro nomeado desde 2006 para governar a segunda potência econômica do mundo. Define a si mesmo como um "filho de trabalhador", ao contrário dos predecessores, herdeiros de dinastias políticas, comprometendo-se a devolver a confiança aos japoneses, reduzir a dívida colossal do país e a reformar as aposentadorias, através de modificações no sistema de previdência social.
Mas a derrota deste domingo poderá representar um freio a suas ambições, debilitando sua autoridade dentro do próprio PDJ.
"Quero prosseguir com as reformas, apesar do julgamento severo dos eleitores. Pretendo continuar sendo primeiro-ministro, embora a coalizão perca a maioria", declarou Kan a alguns parlamentares, segundo o canal NHK.
O vice-secretário-geral adjunto do PDJ, Goshi Hosono, admitiu que as pesquisas de boca de urna eram "difíceis" para o partido. "O primeiro-ministro Kan usou de palavras audazes em relação às finanças do Estado. Lamentavelmente, os eleitores não as apreciaram", disse à imprensa.
O Partido Liberal-Democrata (PLD), principal força de oposição, é o grande vencedor destas eleições, ao conseguir entre 46 e 52 cadeiras, ou muito mais que as 38 que possuía até então. Este partido conservador governou o Japão durante mais de meio século, até ser derrotado pelos democratas no verão passado (Hemisfério Norte).
O ;Seu Partido;, uma jovem agremiação política criada em 2009 por dissidentes do PLD, também conseguiu um bom resultado, com 8 a 11 cadeiras, com o que poderia converter-se em árbitro das eleições no Senado.