postado em 12/07/2010 19:00
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, reafirmou nesta segunda-feira (12/7) seu apoio ao ministro do Trabalho, Eric Woerth, enfraquecido por um escândalo político-fiscal em torno da herdeira da l;Oréal, Liliane Bettencourt, e negou com veemência ter recebido ele próprio dinheiro da mulher mais rica da França."Eric Woerth é um homem profundamente honesto que vem sofrendo calúnia e mentira há três semanas", declarou no canal France 2, durante a primeira intervenção pública sobre o assunto que vem desestabilizando seu governo.
"Ele será o ministro encarregado da reforma tão necessária do sistema de aposentadorias", um texto básico da segunda parte de seu mandato, precisou o presidente francês. Esta reforma - que deve estabelecer a idáde mínima de 62 anos, em vez de 60 - será apresentada nesta terça-feira no Conselho de Ministros, devendo ser votada pelo Parlamento até o final de outubro.
Por baixo nas pesquisas, o chefe de Estado falou em público pela primeira vez desde o início do escândalo que terminou por enlameá-lo e desencadear a crise política mais grave desde sua ascensão à presidência, em 2007.
Eric Woerth foi acusado de conflitos de interesse, principalmente em matéria fiscal, e de financiamento político ilegal da campanha de Nicolas Sarkozy em 2007, através de um envolvimento com a herdeira do grupo L;Oréal, de 87 anos.
O pronunciamento de Nicolas Sarkozy foi feito no dia seguinte da publicação de um relatório administrativo sobre o dossiê fiscal de Liliane Bettencourt, segundo o qual Eric Woerth não acobertou possíveis fraudes quando era ministro do Orçamento (2007-março 2010).
Após a publicação do informe, Eric Woerth "ficou livre de todas as suspeitas", considerou o presidente francês, ao mesmo tempo em que a oposição exige que a justiça esclareça todo o caso.
Eric Woerth foi criticado por "conflito de interesse", porque, além de ser tesoureiro do partido presidencial UMP na época, sua esposa Florence administrava uma parte da fortuna de Bettencourt.
Nicolas Sarkozy também afirmou que era "uma vergonha" acusá-lo de "pegar envelopes" de dinheiro com Liliane Bettencourt, como havia sido sugerido pela ex-contadora dela.
Esses fatos teriam acontecido durante a campanha de Nicolas Sarkozy à presidência, quando era prefeito da cidade de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris, onde reside Liliane Bettencourt.
"Descreveram-me como aquele que, há 20 anos, ia à casa da sra. Bettencourt pegar os envelopes. É uma vergonha", exclamou.
No momento em que seu governo enfrenta uma série de escândalos relativos à má utilização de dinheiro público por ministros - dois foram demitidos - Sarkozy também afirmou que "a classe política não é corrompida".