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Polícia italiana prende 300 durante operação contra a máfia calabresa

Agência France-Presse
postado em 13/07/2010 13:48
A polícia italiana realizou nesta terça-feira operação de grande vulto contra a máfia calabresa e deteve mais de 300 pessoas não apenas no sul da Itália, mas também nas regiões prósperas do norte, que se tornaram o "pulmão econômico" da ;Ndrangheta.

Essa operação, de uma amplitude inédita desde 1995, mobilizou 3 mil policiais na Calábria (sul), assim como em várias regiões do norte da Itália, e permitiu a prisão de Domenico Oppedisano, 80 anos, considerado o número 1 da ;Ndrangheta.

Segundo a imprensa italiana, ele foi nomeado "capocrimine" (chefe do crime) e estava à frente do comando dos clãs mafiosos calabreses, no último mês de agosto.

Os suspeitos foram presos sob as acusações de formação de quadrilha, assassinato, extorsão, detenção e tráfico de armas, indicou a polícia em um comunicado.

A polícia também apreendeu mercadorias, armas e drogas com valores estimados em dezenas de milhões de euros, informou a agência italiana Ansa.

"Trata-se da mais importante operação conduzida nesses últimos anos contra a ;Ndrangheta, que se viu atingida no coração de seu sistema criminoso tanto no aspecto da organização quanto no patrimônio", comemorou o ministro do Interior Roberto Maroni, dirigindo elogios às forças policiais.

Entre as pessoas presas estão o "chefão" da organização na Lombardia - região cuja capital é Milão - e inúmeros empresários que trabalhavam no setor da saúde, incluindo o diretor do departamento de saúde da cidade de Pavia.

Essas prisões "confirmam que é no norte da Itália onde se encontra o verdadeiro centro de operações da ;Ndrangheta", declarou à AFP o procurador antimáfia, Alberto Cisterna.

O setor da saúde é o "preferido porque permite a eles estabelecer contato com políticos e com a administração pública", acrescentou.

Os clãs do norte perceberam que eles constituíam "o coração político e financeiro da organização", explicou Cisterna, mas a ;Ndrangheta quer "manter as tradições e a organização na Calábria, de onde vêm todos os chefes".

Para o especialista em máfia, Lirio Abbate, jornalista da revista L;Espresso, a operação mostra igualmente que "a ;Ndrangheta é organizada de uma maneira vertical e não horizontal como pensávamos". Além disso, essa organização tem "o poder de contaminar administrações municipais que até agora foram poupadas dos ataques da criminalidade", explicou à AFP.

Nas últimas décadas, a ;Ndrangheta tornou-se a maior e a mais temida das quatro organizações criminosas da Itália, que incluem a Camorra na região de Nápoles, Cosa Nostra na Sicília e a menor Sacra Corona Unita (SCU) em Puglia (sudeste).

De acordo com o instituto especializado italiano Eurispes, o volume de negócios da ;Ndrangheta atingiu cerca de 44 bilhões de euros, graças, em particular, ao tráfico de drogas e armas.

Na segunda-feira, a polícia apreendeu bens no valor de 1,3 bilhão de euros em duas operações distintas, visando tanto à ;Ndrangheta quanto à Camorra.

Somente a que visava à ;Ndrangheta resultou em apreensões no valor de 330 milhões de euros de bens pertencentes ao empresário Gioacchino Campolo, apelidado de "o rei do pôquer".

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