Agência France-Presse
postado em 13/07/2010 14:23
Israel se disse prestes a interceptar um cargueiro de ajuda líbio a caminho de Gaza, se o navio tentar forçar o bloqueio marítimo do território palestino, seis semanas após ter impedido tentativa semelhante de uma flotilha humanitária internacional.Segundo a tripulação do navio, as autoridades israelenses deram ultimato à embarcação, fretada pela Fundação Kadhafi para encaminhar alimentos e remédios a Gaza, para que desvie seu curso antes da meia-noite desta terça-feira (18H00, hora de Brasília).
"As autoridades israelenses deram um prazo até a noite, para mudar a direção e nos dirigirmos ao porto (egípcio) de Al-Arich. Senão, ameaçam interceptar a embarcação através de sua marinha de guerra", declarou à AFP um representante da Fundação líbia a bordo, Machallah Zwei, ouvido por celular.
Segundo Zwei, o capitão do cargueiro respondeu "que a questão será estudada".
No entanto, um porta-voz militar israelense em Jerusalém desmentiu a existência de um ultimato, acrescentando que Israel havia apenas "dirigido (ao navio) um esclarecimento sobre o que já sabia, isto é, que não poderia se dirigir a Gaza".
"A marinha israelense começou os preparativos para parar a embarcação, se tentar violar o bloqueio marítimo", confirmou por sua vez um outro porta-voz do exército, precisando que um contacto radiofônico havia sido estabelecido com o cargueiro líbio.
[SAIBAMAIS]No início da tarde, o Amalthéa, que partiu na noite de sábado da Grécia, estava a 130 milhas marítimas (cerca de 240 km) da Faixa de Gaza, onde deve aportar na manhã de quarta-feira.
"Explicamos às autoridades israelenses que nosso destino inicial era Gaza e que não pretendemos fazer provocação", disse Zwei.
Segundo a Fundação Kadhafi, uma entidade de caridade presidida por Seif Al-Islam, filho do número um líbio Muammar Kadhafi, o Amalthéa está "carregado com duas mil toneladas de ajuda humanitária".
Além dos 12 membros da tripulação de diversas nacionalidades, nove pessoas (seis líbios, um nigeriano, um marroquino e um argelino) estão a bordo, segundo o agente marítimo do Amalthéa.
Nos últimos dias, Israel empreendeu intensos esforços diplomáticos para que o cargueiro líbio desvie sua rota para o Egito, mas advertiu que não hesitaria em interceptá-lo, se mantiver o caminho para Gaza.
O Estado hebreu, que denunciou "uma provocação supérflua", espera prevenir uma reedição do recente fiasco de sua marinha em águas internacionais, ao longo de Gaza.
No dia 31 de maio passado, comandos israelenses haviam interceptado uma flotilha humanitária internacional que tentava "quebrar" o bloqueio israelense, uma operação mal preparada e executada que acarretou a morte de nove militantes turcos pró-palestinos, levantando vozes de protesto no mundo inteiro.
Segundo a Fundação Kadhafi, as pressões se acentuaram nesta terça-feira sobre o proprietário grego e capitão do Amalthéa, a fim de levá-los a mudar de rota.
Os israelenses, que pretendem escoltar o navio líbio até seu porto de Ashdod (sul) para descarregar, dizem temer a importação em massa de armas e de material de guerra - como forma de justificar seu bloqueio marítimo a Gaza.