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Os sete primeiros opositores cubanos libertados em Havana chegaram nesta terça-feira (13/7) à Espanha, onde eles, fazendo o V de vitória, comemoram o fim da detenção como "o início de uma nova etapa para o futuro" da ilha comunista. Tratam-se dos primeiros de um acordo que prevê a liberação gradual de 52 presos políticos condenados em 2003 a longas penas de prisão, o evento mais importante no país desde que Raúl Castro assumiu o poder depois de seu irmão Fidel, há quatro anos.
Os Estados Unidos elogiaram a Espanha e a Igreja Católica cubana pelo "acontecimento positivo". O Departamento de Estado pediu a "libertação imediata e incondicional de todos os prisioneiros políticos".
Essas libertações significam "o início de uma nova etapa para o futuro de Cuba e de todos os cubanos", estimaram os opositores em Madri, em um comunicado lido pelo jornalista Julio Cesar Galvez. "Esperamos que aqueles que ainda estão em Cuba possam ter a oportunidade de desfrutar dessa mesma liberdade", continuou.
[SAIBAMAIS]"Não nos consideramos manipulados", declarou Ricardo Gonzalez, de 60 anos, o mais conhecido dos setes por ter sido o correspondente clandestino da ONG francesa Repórteres sem Fronteira. "A palavra mudança começa com a liberdade, não somente a libertação dos nossos companheiros, mas também aquela de todos os cidadãos cubanos (...). Para nós, o exílio é a prolongação de nossa luta. Somos o caminho que pode conduzir à mudança" em Cuba, acrescentou.
Cansados, mas sorridentes, os sete dissidentes fizeram o "V" de vitória, com os braços levantados, no final da breve coletiva de imprensa. Eles, em seguida, foram levados pelas autoridades espanholas, junto dos 33 membros de suas famílias que viajaram para reencontrá-los na noite de segunda-feira em Havana depois de sete anos de separação.
A Espanha deve oferecer a eles "um primeiro apoio logístico" por meio da Comissão Espanhola de Ajuda aos Refugiados (CEAR) e a Cruz Vermelha, segundo o chefe da diplomacia espanhola, Miguel Angel Moratinos, que defende incansavelmente uma aproximação entre a União Europeia e Cuba.
Após uma reunião realizada quarta-feira (7) passada entre o presidente Raúl Castro, o cardeal Jaime Ortega e Moratinos, a Igreja anunciou a liberação, em no máximo quatro meses, dos 52 dissidentes que estão atrás das grades desde a onda de repressão de março de 2003.
O opositor Guillermo Fariñas colocou fim à greve de fome pela libertação de 26 presos doentes, que começou após a polêmica morte de um prisioneiro e durou 135 dias. Outros treze prisioneiros políticos estão à espera da próxima partida à Espanha, segundo a Igreja cubana.
O processo de libertação de presos políticos é o maior desde que Raúl Castro assumiu o cargo de seu irmão Fidel, em agosto de 2006.
Fidel Castro havia libertado uma centena logo após a histórica visita do Papa João Paulo II a Cuba, em 1998. Mas, em março de 2003, ele ordenou a detenção de, ao todo, 75 opositores acusados de "colaborar" com o inimigo americano, o que causou o congelamento da cooperação com a União Européia por cinco anos.
A partida dos primeiros dissidentes de Havana coincidiu com uma rara aparição televisiva de Fidel Castro, hoje com 83 anos, dedicada exclusivamente à situação do Oriente Médio e do Irã.
Segundo dados da oposição cubana, ainda vão restar 115 presos políticos em Cuba, após a libertação dos 52 anunciada. A oposição cubana lamentou o exílio desses dissidentes, dizendo que eles poderiam ter sido mais úteis para Cuba na luta pelos direitos e pela liberdade.
Cuba está sob embargo americano desde 1962 e considera os dissidentes mercenários a serviço dos Estados Unidos.