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Cientista desaparecido em maio se refugia na embaixada paquistanesa e prepara regresso

postado em 14/07/2010 07:30
A chegada do físico nuclear iraniano Shahram Amiri à Embaixada do Paquistão em Washington não foi suficiente para solucionar o mistério envolvendo seu sumiço na Arábia Saudita, há mais de um ano, e o reaparecimento em solo americano, em maio. Teerã acusa os Estados Unidos de terem sequestrado Amiri para extrair informações sobre o programa nuclear do Irã, mas restam suspeitas de que o cientista tenha decidido cooperar com a Agência Central de Inteligência (CIA) e depois desistido. Ontem, o Departamento de Estado afirmou que Amiri está voluntariamente em território americano e pode deixar o país quando bem entender.

;Ele está aqui pela própria vontade e obviamente é livre para partir;, afirmou o porta-voz do Departamento, Philip Crowley, destacando que os EUA haviam pedido ;várias vezes; ao Irã informações sobre o paradeiro de Amiri, mas não tinham obtido resposta. Ao Correio, um funcionário da representação iraniana nos EUA, que funciona na embaixada paquistanesa, confirmou que o físico está no local desde a noite de segunda-feira, quando teria sido libertado pelos supostos raptores. Segundo a fonte, o especialista está bem, mas ainda não sabe quando retornará ao Irã. ;Pode ser hoje, amanhã ou na próxima semana;, afirmou o funcionário.

Em visita a Madri, o chanceler iraniano, Manuchehr Mottaki, disse esperar que o especialista seja repatriado o quanto antes. ;Temos a esperança de que não criem obstáculos para seu retorno à pátria;, declarou, em entrevista coletiva. Crowley afirmou que Amiri tinha se preparado para voltar na própria segunda-feira, mas não conseguiu fazer ;todos os arranjos necessários; para chegar ao Irã.

Sharam Amiri em vídeos que ele próprio postou na internet, no início de junho: sequestro ou deserçãoEm entrevista por telefone à TV estatal iraniana, o cientista afirmou que pretende regressar o mais rápido possível e que os EUA ;são o grande perdedor; no caso de seu ;sequestro;. Amiri afirmou que nos últimos 14 meses foi ;vigiado por homens armados; e ;submetido a uma grande pressão psicológica;. Ele não indicou, contudo, onde foi mantido preso, como chegou aos Estados Unidos nem como escapou para a embaixada do Paquistão. O físico, que pesquisa radioisótopos médicos na Universidade Malek Ashtar ; instituição subordinada à Guarda Revolucionária ; havia desaparecido em junho de 2009, quando fazia peregrinação à cidade sagrada de Meca. Teerã acusa o governo saudita de ter colaborado com o sequestro.

Mistério
Há quatro meses, a rede de TV americana ABC anunciara que Amiri havia desertado e estaria colaborando com a CIA. Em 7 de junho, entretanto, a televisão estatal iraniana difundiu um vídeo no qual o suposto cientista afirmava ter sido sequestrado pela inteligência norte-americana, que o estaria mantendo sob custódia perto de Tucson, no Arizona. Semanas depois, em outro vídeo, ele dizia ter fugido e estar na Virgínia. O adido de negócios da embaixada suíça, que representa os interesses americanos em Teerã, foi convocado no início deste mês pelo governo iraniano para ouvir um protesto contra o suposto sequestro.

A questão agora é quanto Amiri sabia e o que pode ter contado à CIA ; por vontade própria ou sob coação. ;A importância do golpe depende de quanto ele sabia. Tirar um cientista não vai travar o programa (nuclear);, destaca Richard Clarke, ex-responsável de contraterrorismo da Casa Branca. A preocupação expressada por Teerã com o sumiço, contudo, evidencia que Amiri detém muito mais informações do que os EUA poderiam saber.

Espiã perde cidadania

As autoridades do Reino Unido reduziram a pó os sonhos da espiã russa Anna Chapman, deportada dos Estados Unidos na última sexta-feira, de retomar a vida em Londres como cidadã do país. A ruiva insinuante, que dominou o noticiário sobre a rede de 11 agentes desbaratada em Nova York, teve cassado o passaporte britânico, adquirido no casamento de quatro anos com Alex Chapman, de 30 anos. Anna, que tem 28 e se apresenta como consultora de microempresários, desembarcara em Nova York no início do ano, recém-divorciada.

Filha de um diplomata, a espiã terá de adotar novamente o nome de solteira, Anya Kushenko. E, muito provavelmente, será também proibida de voltar ao Reino Unido. ;O Ministério do Interior tem o direito de privar um cidadão com dupla cidadania do passaporte britânico, caso entenda que isso corresponde ao interesse público;, explicou um porta-voz. A lei que permite essa medida foi aprovada em 2002, em resposta à onda de atentados iniciada nos EUA em 11 de setembro do ano anterior, com a finalidade específica de facilitar a deportação do clérigo radical Abu Hamza Al-Masri. De lá para cá, foi aplicada apenas meia dúzia de vezes.

Anya e os demais espiões ; oito russos e uma jornalista peruana ; foram trocados na sexta-feira, em Viena, por quatro russos condenados por espionar para o Ocidente. De acordo com o jornal Moskovskii Komsomolets, todos foram enviados no mesmo dia para Moscou e estão sendo interrogados por ;especialistas em contra-inteligência; no quartel-general do SVR, o serviço de espionagem externa. Caso não tenham cometido ;faltas graves;, serão libertados nas próximas semanas.

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